Mil músicas de amor. Poemas rabiscados nas últimas páginas do caderno. Blusinhas cor de rosa com sainhas de babado. Jaqueta preta. 1 Kg de maquiagem preta nos olhos. Loubortine nos pés. Mais um final de semana; mais uma festa.
Caminho com os pés e a mente cansada pelo meu canto preferido da cidade, aquele que eu conheço tão bem quanto a palma das minhas mãos. No rosto, além da maquiagem, um semi sorriso. Tenho dificuldade de andar reto, pra frente, mas os muros e as paredes estão aí para a gente se apoiar enquanto anda, pra não tropeçar e quebrar o salto do sapato.
Enquanto subo a rua, vejo as coisas se distanciando cada vez mais. Sei que voltarei ao passado mil vezes, mas por hoje, não posso mais ser injusta comigo.Quero o calor de uma presença, não a sua, mas a que seja certa e que me acompanhe nessa empreitada. Quero alguém que cante e declame enquanto eu ando, parece que o peso do sapato e da subida não me sufoquem. Quero poder chorar sem ser julgada e alguém que venha me buscar na porta de casa pra ir à missa.
Enquanto caminho sozinha, tenho momentos de nostalgia, choro e sentimentos tão ruins que não consigo definí-los em uma palavra. Quero que o errado se torne certo ao mesmo tempo que não quero. Todo sapo descobre que a princesa é incrível? Todo homem escreve histórias árcades para a sua musa? Todo vidro se quebra?
Durante a caminhada, repetidas vezes preciso parar para retomar o fôlego. Dizem que as pessoas costumam saber quando a hora certa chega e que você não precisa ter pressa: se for seu, vai ser! Dizem, ainda, que o que importa é a subida..!
Cheguei muito tarde em casa. Não quis saber de saquê por hoje. Não estraguei a minha maquiagem.Andei pelo caminho mais longo para evitar os letreiros luminosos das propagandas do dia 12.
Algumas coisas nunca mudam: a preguiça de tirar toda a maquiagem e as bolhas nos pés. Obrigada Senhor, por mais um dia. Obrigada, por me ajudar a continuar vivendo.
domingo, 27 de maio de 2012
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