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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Sobre sapos.

Toda noite quando saio de casa pra estudar no meu quartinho dos fundos sempre encontro sapos no curto trajeto que percorro. Alguns dizem que é porque aqui em casa a umidade e a "roça" favorecem a proliferação deles; outros dizem apenas que é puro azar. Não sei o que pensar dos sapos, apenas os odeio e me recuso a passar perto. Só sei que eles estão lá à espreita, toda noite, como se me vigiassem com seus olhos negros e saltos acrobáticos.
Não gosto dos olhos, da rugosidade da pele, do formato do corpo e principalmente da capacidade de estarem escondidos onde a gente menos espera. É como se me dissessem: "estou aqui e sei que você está com medo". E obviamente, me recuso a pegar a vassoura no canto da parede e espantá-los porque sempre fico imaginando o pior (eles saltarem em mim e liberarem algum tipo de veneno).
Sou refém dos sapos, assim, sem reagir, sem lutar; apensa me rendo ao medo e grito por socorro. Mas hoje eu me pergunto: até quando? No começo, quando a gente está aprendendo alguma coisa nova os medos são aceitáveis e compreensíveis. Porém, chega uma hora que vira comédia. O medo vira desculpa e conformação. A gente se recusa a fazer alguma coisa que nos faria bem só pelo simples fato  de ter medo de coisas bobas. Coisas que a gente nem sabe direito porque é que tem medo.
Dizem que para matar sapos a gente deve jogar sal em cima deles; o sal desidrata o corpo do bicho e a morte é lenta e então você sofre junto. Se matar sapos não resolve o problema a gente faz o quê exatamente? Alguns dizem que você deve espantá-los, tocá-los pra bem longe toda vez que aparecerem. Outros dizem que é um bom sinal, por "o sapo sempre vira o príncipe no final da história". O problema do primeiro é que ele sempre volta e o problema do segundo é que o final vai demorar e não sei se será feliz. Estou nesse impasse com os meus sapos hoje: tocá-los ou torcer para que eles não pulem em mim enquanto espero o final feliz?
Sei que apesar dos mil conselhos que posso receber e das inúmeras tentativas do meu pai de me proteger de alguma ação maligna deles, a decisão só cabe a mim. Sou eu quem percorre o caminho entre a cozinha e o quarto de estudos todos os dias. Sou eu quem tem que passar e lidar com eles. Não tenho culpa se estão ali, mas eles também não tem. É apenas a vida seguindo seu curso normal, cada um em seu habitat tentando sobreviver. Sei que preciso me decidir, e logo, se vou deixá-los quietos ali ou se vou tocá-los sempre que os ver.
Mas hoje, escolho ficar aqui dentro de casa e não ter que vê-los por essa noite. Tenho adiado minha decisão e disso bem sei, mas apenas quero fazê-la com prudência e cautela, sem que haja arrependimentos futuros, sem que haja mais dores, medos e pesares.
Sapos: espero que vocês sejam um sinal divino e que realmente controlem seus impulsos saltatórios e que guardem bem suas toxinas quando eu estiver por perto enquanto eu me decido do futuro que vocês terão em minha vida.
Grata, Maria Olívia.

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