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sábado, 21 de setembro de 2013

Diário de expedição: Jornada Mundial da Juventude - parte VIII

O encontro com Kiko Arguello-Parte 1

Partimos cedo. Nos disseram que da Ilha do Governador até o Rio Centro - local do encontro - seriam três horas de ônibus. Por sorte, nosso motorista conseguiu cortar caminho por uma favela; chegamos em menos de uma hora, antes dos portões serem abertos. Fomos uns dos primeiros a entrar e conseguimos lugar de honra: cerca de 5 metros do palco, dava pra ver tudo com muita nitidez. Deus nos havia dado aquele presente.
Mas, como bons caipiras do interior, entramos do lado errado do Rio Centro e estávamos no local destinado aos estrangeiros. Como o local lotou (esperavam 40 mil; vieram 100 mil catecúmenos), pediram que os brasileiros gentilmente cedessem seus lugares aos estrangeiros e a bem da verdade a maior parte obedeceu, mas nós, astutos, abaixamos as nossas bandeiras e ficamos petulantemente ali, fingindo que não havia uma bandeira do Brasil na nossa camiseta e que não falávamos português (essa parte foi realmente engraçada). Sei que o Caminho nos cobra fortemente a obediência, mas não me levem à mal,  nós já tínhamos passado por muitos perrengues e estávamos muito perto do palco; ver o Kiko de perto era realizar um sonho, em, talvez, uma oportunidade única.
Desobedecemos o padre. Ficamos sentados no chão do Rio Centro exatamente do começo ao fim; eu, pelo menos, resisti à tudo pois não queria perder nenhum segundinho ao lado do meu amado. Serviram-nos um kit lanche/almoço que foi simplesmente tudo de bom!! Nunca gostei tanto de comer pão com presunto e mussarela e maça de sobremesa! Esperávamos ansiosamente.
Kiko Argüello é um jovem de 74 anos que em 1964 iniciou o "Caminho Neocatecumenal" pelas favelas de Madri, junto de Carmen Hernández e Padre Mario Pezzi. O Caminho Neocatecumental é a chamada "nova evangelização" que busca intensamente viver o batismo, a experiência concreta de ser cristão. Sou suspeita para falar do Caminho, amo-o. Nasci, cresci e amadurei em meio ao catecumenato e ali dentro aprendi valores como o amor, o respeito e, sobretudo, a obediência. O Caminho me fez ser alguém melhor, menos fútil, menos materialista e mais firme nas minhas decisões. Somos constantemente cobrados acerca daquilo que aprendemos, às vezes repreendidos, mas não tenho a menor dúvida que tudo vale à pena, pois o Caminho cada vez mais se mostra maravilhoso a mim. Na Jornada ficou muito claro que se eu não tivesse tido essa educação rígida (que permanece) e se eu não estivesse dentro da Igreja  - sobretudo dentro do Caminho - eu com certeza estaria perdida, sem rumo. O Neocatecumenal me mostrou qual era o caminho certo, me mostrou a minha vocação, me deu amigos incríveis e uma família sensacional. Eu certamente descreveria um monólogo sobre a minha história e amor pelo Caminho Neocatecumenal, farei-o em outra ocasião pois hoje tentarei deter-me no dia 30/07/2013.
Kiko saudou-nos exatamente às três da tarde, conforme estava escrito no roteiro. Esperávamos por ele desde às 10 da manhã; foi com grande euforia que o recebemos. Assim como o Papa Francisco, Kiko Argüello veio simples, trajando sua costumeira roupa de itinerante: a calça social e o suéter preto, indiferente ao calor que fazia no Rio Centro, e trazendo, apenas, seu violão, já bem surrado pelos anos de evangelização. Nada nesse mundo paga a alegria e emoção de ver o sorriso daquele homem. Ele acenava por todos os cantos, procurava olhar nos olhos e nas bandeiras de cada um ali presente.
Kiko agradeceu a acolhida, agradeceu ao Brasil, ao Rio de Janeiro e a Dom Orani - nosso conterrâneo idealizador da JMJ. Em seguida, como de praxe dentro do Caminho, apresentou todos que estavam presentes ali: ele chamava os países e estes se levantavam e gritavam, mostrando presença e suas respectivas bandeiras (tradição catecúmena). Era arrepiante ver que estavam presente, realmente, catecúmenos de todas as nações, desde aquelas em que o Caminho é maioria - Itália e Espanha - até aquelas onde os cristãos são a minoria - como na China e no Oriente Médio. Sim, temos catecúmenos nas China e em países árabes!! Que orgulho saber que somos muitos e estamos por toda parte!! Que alegria ver todos os irmãos catando a uma só voz os mesmos cânticos, vivendo o mesmo ideal de vida e professando a mesma fé, em qualquer idioma. A alegria de dias como estes de Jornada Mundial da Juventude é indescritível, não consigo por em palavras o que eu sentia ali. Fui contagiada pela alegria que emanava de jovens tão loucos quanto eu, tão sedentos por uma palavra quanto eu e tão orgulhosos quanto eu de fazerem parte do Caminho.
Era tudo contagiante. Para finalizar, Kiko chamou os brasileiros e, claro, a festa foi gigante: ao somo de "eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor" o Rio Centro inteiro mais o pessoal que acompanhava lá fora pelos telões se levantou, agitou bandeiras, gritou muito, pulou, dançou..e não só nós brasileiros, mas todas as nações se levantaram e gritaram junto com a gente. Enchia o peito de emoção.. e os olhos de lágrimas. Impossível que tenha uma só pessoa que naquele momento não sentiu um orgulho gigante de ser brasileiro!! Somos contagiantes por essência, somos receptivos, fazemos festa com tudo!! Me alegro e me orgulho muito de ter feito parte daquele momento, nunca me emocionei tanto ao agitar a bandeira do meu país.
Kiko também se emocionou e agradeceu novamente a calorosa recepção. Em seguida, ensinou-nos o canto novo, o canto que ele havia preparado para a Jornada Mundial da Juventude do Brasil e, como ele mesmo disse "quando vocês ouvirem esse canto em suas comunidades, se lembrarão para sempre desse momento, é o canto que marca a JMJ do Brasil". Nosso canto é o "Ressurese", lindo e brilhantemente orquestrado; foi um canto feito para emocionar! O canto diz que "Cristo ressuscitou, Cristo vive" e esta passagem foi muito forte nessa peregrinação! Cristo esteve presente ao nosso lado em todos os momentos, nos ajudando a cada dificuldade! Confesso que dentre os cantos feitos para peregrinações há outros mais bonitos e com mais história, mas o nosso é verdadeiramente a cara do Brasil: simples, alto e emocionante. Não há nenhum outro canto no Caminho que tenha ganho uma orquestra tão bem trabalhada como este!
Nações e canto apresentados, o encontro propriamente começou com a entrada e benção de Dom Orani, Arcebispo do Rio de Janeiro e natural de São José do Rio Pardo, a minha cidade. Kiko ia constantemente à estante, cantava, falava e gesticulava por todos os lados. Todos os cantos me emocionaram muito e até aqueles que eu não gostava tanto passei a olhar com mais atenção. Diga-se de passagem que ele não apenas cantava, mas dava uma mini catequese sobre cada canto, explicando-os desde a sua origem. Confirmei minha suspeita: não há nada no Caminho que não tenha um forte significado.
Me emocionei logo no canto de entrada: "Yo vengo a reunir" é o canto-símbolo das peregrinações, eu estava tão ansiosa para ouvir que cantei junto em portunhol mesmo, era lindo de qualquer jeito!!! Realmente, todos que se dispuseram a ir viram a glória de Deus, e bem de perto. A tradicional invocação do Espírito Santo antes das celebrações catecúmenas foi feita à capela, por 100 mil pessoas.. tentem imaginar a emoção e a altura que foi isso!! 100 mil pessoas cantando, verdadeiramente, à uma só voz!! Deus havia nos presenteado com momentos inesquecíveis naquele dia.
Em seguida, pra mim, foi um dos grandes momentos da JMJ: a entrada de Nossa Senhora da Penha (uma imagem lindíssima!!) ao som de "Um grande sinal" - o canto da Jornada de Sidney, em 2008, na Austrália. Foi um momento tão grande quanto a passagem do Papa para mim pois havia ouvido a mini catequese da minha mãe sobre a entrada de Nossa Senhora nos encontros catecúmenos (essa é uma das vantagens de ser filha de catequistas!) e lembrei instantaneamente de tudo que ela havia me dito dias antes de viajar. Minha mãe sabe das coisas e disse que era para eu  ão me esquecer de pedir alguma coisa à Virgem, que qualquer cosia que eu pedisse naquele momento ela me atenderia. Hoje tenho total certeza que ela cuida do meu pedido e vai realizá-lo quando for a hora certa. Foi o único momento na JMJ em que algumas de minhas lágrimas cairam; enxuguei-as rapidamente pois aquele era um momento de alegria. Maria entrava, me trazia conforto e enchia o meu coração do carinho de uma Mãe que estava presente para interceder por seus filhos. Aprendi que Maria é a maior advogada que temos e que intercederá para que o melhor nos aconteça.

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