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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Diário de expedição: Jornada Mundial da Juventude - parte IX

O encontro com Kiko Argüello - parte 2

Em seguida, veio a parte principal do encontro: a catequese. Kiko havia nos preparado palavras belíssimas, extremamente sinceras, que nos cobravam a nossa atuação enquanto jovens no mundo. Kiko nos dizia verdades, algumas sinceras até demais, porém necessárias. Nos falou o tempo todo sobre a importância do amor, de amar o próximo como a nós mesmos, e também falou muito sobre o amor de Deus por cada um de nós, e este é o maior amor que podemos ter. Porém, a palavra que mais mexeu comigo foi a do "agradeça a Deus todos os dias por estar dentro da Igreja, este é o seu maior presente". E realmente é o maior presente que posso ter.. quem eu seria se eu não estivesse dentro da Igreja? Essa é uma pergunta que eu realmente tenho medo de encontrar resposta.Lindas palavras, muito bem preparadas, ditas energicamente. Kiko mostrou-me pessoalmente o quanto é sábio!
Seguida a catequese, foi a hora do chamado vocacional dos homens - uma das mais arrepiantes. Kiko falou da vida consagrada ao Senhor, sobre estar inteiramente disponível para levar a palavra do Senhor aos lugares mais longínquos, especialmente à Ásia. Em seguida, pediu que todos nos calássemos durante um minuto e rezássemos, em silêncio, "Senhor, envie operários para a messe" (que é um pedaço de um dos meus cantos preferidos *-*). Decorrido esse minuto, solenemente Kiko pediu que aqueles homens que se sentissem chamados a dedicar a sua vida ao Senhor, que se colocassem de pé e fossem até o palco. O momento em que o pessoal levanta é um dos mais fortes nos encontros do Caminho; o local ficou em um silêncio profundo e jovens levantavam por todos os lados - inclusive um dos meus amigos rio-pardenses - e iam correndo ao palco, como se corressem realmente ao encontro do Cristo. Era um a bela cena. Levantaram-se 3000 (TRÊS MIL) jovens homens para servir a Deus. E digo mais, Deus escolheu bem seus novos evangelizadores!!
Na sequência, foi a vez do discurso de Carmen Hernandez às mulheres. Carmem sentia mais que Kiko o peso da idade: caminhava com dificuldade e não se prolongou em sua fala. Simples, determinada, vai direto ao ponto, sem os rodeios do Kiko. Carmen se dirigia às mulheres e as enaltecia (essa parte é típica, catequistas se alfinetam o tempo todo por causa desse assunto!). Carmen pediu que nós, mulheres, não tenhamos medo de sermos mulheres,de sermos fortes e que nos preparemos apenas para um amado: Jesus Cristo.
Em seguida, Kiko explicou o canto que cantaríamos quando as mulheres se levantassem. Nunca gostei desse canto até o momento em que passei a entendê-lo: "e o rei se encantara com tua beleza, ele é o teu senhor, entrega-te a ele e faz temível a sua direita". Realmente o canto começou a fazer sentido para mim: o amado mais formoso é Jesus Cristo, ao qual sempre devemos estar preparados. Decorrido outro minuto de oração no mais profundo silêncio, 2000 (DUAS MIL) mulheres se levantaram para servir ao amado em regime de clausura. Admiro-as pela coragem pois a dedicação é de corpo e alma.
Da JMJ RIO 2013 partiram 5000 novos evangelizadores catecúmenos, que deram o seu primeiro "sim" à sua vocação. Espero que Deus ajude a todos e que a nova evangelização seja realmente estendida ao mundo todo, a fim de que tantos outros irmãos conheçam a maravilha do amor de Deus.Nunca desistam das suas vocações! Acho realmente muito bonito que se dispõe a abrir mão de uma carreira profissional ou de uma vida amorosa para seguir este chamado de Deus.
Decorrido os chamados vocacionais, Kiko anuncia que a hora da despedida estava próxima. A minha ficha ainda não havia caído que passamos o dia todo ali e que agora escurecia e aproximava-se a hora de voltar para casa. Não gosto de finais e não sei lidar com despedidas; queria que aqueles momentos durassem para sempre, queria estar na presença daquele homem sábio todo final de semana, ouví-lo cantar em seu sotaque único, queria os irmãos todos juntos, agitando bandeiras e buscando a alegria em meio às dificuldades! Mas também era preciso voltar e evangelizar por aqui; entendi nesse momento a importância do voltar: era preciso levar o resultado da colheita e espalhar o ânimo, a coragem e as palavras de amor. Dom Orani abençoou-nos e Kiko cantou para encerrar. Cantamos e dançamos nos moldes catecúmenos o 'Ressuscitou' (o velho) em vários idiomas. Cristo havia ressuscitada em nossas vidas naqueles dias de JMJ e saíamos dali com ânimo novo, com a esperança de uma vida nova e decididos a sermos pessoas melhores!
Dançamos no Riocentro até o último segundo, até que o último violão ainda ressoasse as notas do 'Ressuscitou'. Não posso me esquecer que antes de irmos embora teve o momento clássico do "cambiare" que eu pude finalmente conhecer. Catecúmenos de todos os lugares trocavam bandeiras e símbolos de seus países, era realmente engraçado assistir àquilo! O encontro terminou em festa! Uma festa que não precisou de drogas, bebidas, sexos ou rock'n'roll. Estávamos felizes de estarmos ali vivendo tudo aquilo, felizes de Deus ter nos dado um dia lindo ao lado dos irmãos do mundo todo! Eu trouxe minha bandeira do Brasil para casa pois ela foi o símbolo da resistência contra o frio e da união que tivemos na noite da vigília; guardo-a com imenso carinho e saudade e levarei-a comigo à Polônia.
Contudo, a hora de ir embora, apesar do alívio de finalmente voltar para casa, é a mais triste. Triste porque temos que nos despedir da realidade que encontramos ali: de comer polenguinho em todas as refeições, de estar junto o tempo todo, de rezar todos dias o dia inteiro,de passar por momentos inóspitos e sobreviver às dificuldades com a certeza que Deus estava guardando tudo para o final.  Como aconteceu em Brasília, exatamente há um ano atrás, este foi o momento de a ficha cair: a hora em que caminhávamos de volta ao nosso ônibus para ir embora. O filme da Jornada, lindo e tumultuado, passava detalhadamente na minha cabeça. Quantas maravilhas e milagres Deus fez em mim nestes dias! Quantas coisas aconteceram! Como foi bom ter estado lá, como foi bom ter visto e vivido tudo aquilo! Dava vontade de chorar, mas novamente na saída nós cantávamos. Deus providenciou-nos um encontro e uma Jornada estupendos! Não nos falou nada e todas as dificuldades serviram de aprendizado. Deus me mostrou seu imenso amor, sua misericórdia e que se eu confiar em Sua palavra, confiar na promessa que Ele fez a mim, se eu nunca desistir e pedir com fé, Ele virá em meu socorro como veio em todos os dias de JMJ.
Jamais me esquecerei do momento em que vi Kiko Agüello pela primeira vez, a 5 metros de mim, acenado a todos os cantos do Riocentro, tão louco e tão feliz por estar ali quanto eu. Jamais me esquecer do "Eu venho reunir" em espanhol - só Deus sabe o quanto eu esperei por isto!!! Jamais me esquecerei do momento em que ele anunciou os brasileiros e que nós gritamos: "eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!". Jamais me esquecerei do momento da entrada da Virgem e da minha promessa. Jamais me esquecerei no arrepio que percorre a espinha quanto pedem um minuto de silêncio antes do chamado. Jamais me esquecerei deste dia!! Espero que Deus me conceda a graça de vê-lo novamente pois se depender de mim, enquanto este homem viver eu escutarei sua voz. Kiko, obrigada pela bagunça boa que você fez em mim, por ter me mostrado o quanto eu sou amada por Deus e por este encontro maravilhoso! Nós vemos em Cracóvia, na Polônia!!
Na volta, encontramos os chilenos e espanhóis que vieram para São José e novamente Tambaú. Fiquei realmente feliz de tê-los encontrado em meio a 100 mil pessoas e triste por não ter conseguido rever alguns amigos brasileiros de longe! Aos amigos-irmãos, saudosos, continuo cheia de saudade de vocês! Gostaria de abraçar cada um e rir de tudo que aconteceu conosco na JMJ (historias polêmicas e engraçadas acontecem por todo lado mesmo!) Mas agradeço a Deus por ter criado a internet e diminuído um pouquinho a saudade e a distância!! Amo vocês e vejo-os antes da Polônia, se Deus quiser!!!
Era hora de dizer adeus ao Rio de Janeiro, entrar no ônibus, subir a serra e voltar para o meu interior - que por sinal também recebeu de braços abertos. Complicações da viagem à parte, chegamos bem, cheios de memórias na bagagem.
Porém, quando chegamos, a Jornada ainda não havia terminado. Mais um final de semana abençoado estava por vir.

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