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sexta-feira, 11 de março de 2011

Disparo

5000 metros. Um arco, uma fecha, um índio e um coração. Muita água que já rolou nesse conto, logo, o passado pode ser considerado aqui. As histórias cruzam entre si, formando um emaranhado de palavras mal resolvidas que, por algum motivo, foram deixadas assim. Nós, aqui, não julgaremos o passado, ele apenas será tido como referência.
1000 metros.
No arco estava contido todas as ataduras de anos atrás. Sim, eram muitas. Algumas foram sendo esquecidas, outras camufladas mas a maioria delas ainda vivia. Carrega-se no ombro o peso de uma vida inteira. É possível disfarçar a dor que se sente carregando o fardo. Colocamos sorrisos onde não têm, inventamos palavras que nunca foram ditas e até mesmo somos capazes de nos vestir dos mais insanos personagens. E para tanta loucura, não é necessário que se tenha motivos concretos; o ódio e a inveja são gratuitos.
500 metros.
A flecha deixava claro o sentimento vingativo. A revanche não é aqui e nem agora; só pagamos o preço de viver ao final da vida. A ira é uma fácil dominadora; e devasta. Vem, arrasta tudo consigo para somente depois ir embora. A vingança não está - e nunca esteve - jogando a favor.
Não seria justo caracterizar o índio. O índio era apenas um índio desempenhando seu papel de índio. A caça de subsistência faz parte de sua rotina em tribo.
50 metros.
Agora a distância é curta demais para poder fugir. O som do disparo se aproxima. Sua flecha atingiu em cheio o meu coração.

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