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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Coisa de Litoral, parte II

Escrito em 11/01/2014, do alto do meu temporário 2º andar.

"Tudo pode estar lá"
Quando saí para esta viagem encontrava-me com corpo e mente cansados. Estava esgotada por mil motivos: vestibulares, amor, decepções e por aí vai! Na virada do ano, bendizi a Deus por tudo que aconteceu na minha vida em 2013 pois tudo, de alguma maneira, foi bom e valeu à pena. < br /> Apesar disso, não posso negar que muuita aconteceu.
Na vida muito mais coisas foram feitas para nos matar do que para nos fazer viver, mais perguntas estão sem respostas do que podemos imaginar. Mas, antes de vir, parecia que tudo, de alguma forma, "saiu fora dos trilhos" e o trem ameaçava perder o controle.
Entretanto, no meio de tantas dificuldades, sejam elas financeiras, emocionais ou físicas, no meio de tanta adversidade Deus me presenteou de uma forma que eu não poderia sequer imaginar.
Depois de 2 anos a viagem para o litoral saiu e quando viemos, fazia apenas uma semana que o contrato havia sido finalizado pela internet com um desconhecido. A falta que o mar fazia a nós, simples interioranos (quiçá sertanejos rústicos), era inexplicável e a vontade de descer a serra era muito maior do que qualquer problema. Tenho certeza que Deus olhou com carinho para nós, todos desgastados por um ano difícil, e providenciou que tudo desse certo. Ainda não consigo acreditar que encontramos tudo em boas condições e que estou num lugar bem perto do que as pessoas consideram como sendo um "paraíso".
A orla daqui é linda, cheios de prédios de frente para o mar (inclusive o nosso!!!!), água azulzinha, coqueiros na areia, o quiosque da filó e os caiçaras morenos. A praia aqui em frente ao prédio é de barranco, não permite que a gente entre muito pois afunda. Afunda tudo: a gente, a areia e os maus sentimentos. As ondas vêm fortes, carrengando tudo que nos faz mal, para bem longe.
Mas descobrimos, no mesmo dia em que chegamos, uma outra praia a 5 minutos à pé daqui, e esta carrega na essência o nome que lhe deram: prainha; praia pequena, calma, com poucas ondas, mas cheia de gente (e de água viva!). O sol da prainha brilha mais forte, a areia esquenta mais rápido, a praia fica tomada por guarda-sois (e por água viva depois das 2 da tarde!!!). A água, sem ondas, ameniza a dor, a queimadura do sol e as feridas internas e externas. O sorrisão largo do moço moreno do quiosque faz a gente esquecer que um dia o coração doeu, faz a gente se permitir dar uma chance (pela milésima vez) ao amor. Nunca esquecerei-me deste sorriso, tão grande e sincero, e das palavras que o Rafael me dirigiu, algumas engraçadas, outras profissionais, algumas filosóficas e todas inesquecíveis.
O litoral guarda em sua essência uma magia única, não é algo que se pode ver ou tocar, é algo inerente ao local. Algo que faz a gente sair daqui e viajar longas horas, algo que faz a gente não ter vontade de voltar pra vida real, algo que nos faz desejar perder o idolatrado branco-vestibular para tentar chegar perto do moreno-caiçara e que faz a gente querer trazer na bagagem a areia e o sal do litoral.

Aprendi à duras penas nestas minhas andanças pela vida que, independentemente de onde a gente for, teremos vontade de trazer pelo menos uma coisa deste lugar junto com a gente e que vamos nos desesperar no dia antes da partida quando nos dermos conta de que não poderemos trazer. O que quero dizer é que até dá para trazer fotografias, quadros, canecas, enfeites e tal, mas não se pode trazer a sensação de estar lá, não se pode trazer a brisa, o barulho das ondas, o sorriso do moço, a piscina do prédio, o quiosque da filó, a areia quente da praia, a água cheia de sal e centenas de outras coisas que fazem com que aquele lugar seja especial.
Um dos truques de mágica do litoral, com certeza, é que as coisas tão próprias dele nós não podemos trazer, apenas podemos lembrar e sentir vontade de voltar.. E não só no litoral, em qualquer lugar que vamos, por pior que seja, queremos trazer algo "próprio" daquele lugar e, o que muitas vezes esquecemos, é que se pudéssemos trazer tudo, o lugar em questão perderia a magia, perderia a sua essência. Não teria graça ter tudo que há lá, aqui. Qual o sentido de viajar horas e hora para ver o mesmo que tem aqui? O sentido é ver coisa nova, gente nova, sensações novas, cheiros novos, tudo novo.
A saudade que invitávelmente dá, a vontade de voltar, tudo isto acontece em decorrência do fato de não podermos trazer essas coisas para a nossa casa; queremos sentir de novo, queremos encontrar o litoral como deixamos. Se é possível? Claro que é. Acredito piamente que no próximo verão, quando eu estiver novamente esgotada de provas, trabalhos, amores e problemas, o mar está lá, imenso e de braços abertos, para me receber e curar de novo as minhas feridas. Acredito na força de uma viagem para nos renovar. Acredito na força do mar curando a ferida.
Tem coisa que infelizmente não sobem a serra e realmente entendi isto nesta viagem, mas que dá uma vontade louca de voltar para trazer um pouquinho, ah, como dá.

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