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domingo, 22 de dezembro de 2013

O pacto implícito, rompido.

Enfim férias depois de um ano massacrante de estudos. Tenho aproveitado meu raro tempo livre para por ordem na casa, literalmente, e recuperar o tempo perdido. Não conheço as músicas novas, não sei quais são as tendências de moda, não lembro mais como é andar livremente pela minha cidade... Estou tão impregnada pelo meu passado, pelos meus estudos quanto um quarto de sótão que há anos não vê luz e faxina. Minha vida é um emaranhado de teias de aranhas, cheia de livros com páginas amarelas e de caixas velhas que eu não consigo me desfazer. Não jogo fora, não arrumo e não acendo a luz do quarto. Deixo tudo como está, juntando cada vez mais poeira. Há em cada um de nós um sótão que esconde nossas memórias, nosso passado, coisas que precisamos mas não queremos nos desfazer. Há quem prefira deixar lá, como eu, para a hora que a saudade apertar. Há quem simplesmente finge que não tem e que se libertou; grande mentira, há sempre uma caixinha escondida atrás do armário ou debaixo do tapete. Tem dias, horas e momentos na vida em que é inevitável entrar no sótão, abrir a caixinha das lembranças e ficar a contemplar. Poesias e músicas são feitas neste momento. Tudo volta com força total. Mil pensamentos enchem a nossa cabeça, preenchem o coração.. Hoje é o dia de abrir a caixinha, de voltar ao sótão, de andar em meio às teias de aranhas de volta ao passado. Encontrei este poema no meio de minhas lembranças, adoro-o, define bem o que sinto hoje. A UM AUSENTE Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto. Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade sem prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair. Antecipaste a hora. Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas. Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato que não ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não há nada? Tenho razão para sentir saudade de ti, de nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança. Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste Carlos Drummond de Andrade

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