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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Com outro alguém do seu lado.

Perdi a conta de quantas vezes planejei essa e aquela cena. No meu teatro, eu e você éramos protagonistas e apesar dos obstáculos tudo daria certo no final - porque é assim que tem que ser. Mas é claro que eu esqueci de combinar essa parte. Vejo minhas promessas, assim denominadas, indo por água à abaixo cada vez com maior frequência, carregando nessa enxurrada coisas que eu quero e que não quero perder.
Eu assisto, quase a beira de um ataque de nervos, à cena do amor que não me pertence. Tento parecer satisfeita e feliz, quando, por dentro, quero matar a meia dúzia que inventou esse romance. Em meu peito se formam lágrimas que misturam tristeza e ódio toda vez que ouço a canção no piano, imaginando que essa seria umas das cenas principais de meu teatro.
Abomino a ideia de passar anos a fio fazendo de conta que vivi todas as histórias que escrevo nesse blog. Me dói pensar que sou substituída por outro alguém qualquer, me dói demais. Nos meus catorze anos, toda vez que me decepciono com alguém vejo como algo sem solução. Que nada, eu sempre confio de novo, eu sempre me apaixono de novo. Burra.
Contrariando aos classistas, meu teatro não se encerará com uma tragédia. Tudo que soa "quente" demais me espanta. Não se ganha nada na base do grito - a não ser que você viva na pré-história. Quando você conhece além da tragédia grega propriamente dita, tende a se notar que andar de braços dados com alguém pode não significar amor - quase sempre, pra mim só há uma única exceção.
Não é a cor da roupa que você veste que vai te dizer quem você é; muito menos o tamanho do salto ou o risco de delineador nos olhos. Também não acrescenta em nada o quão engraçado é ou deixa de ser as tuas piadas. E nem tente me ganhar com seus argumentos políticos, religiosos e musicais. Cada um que fique quieto com o seu, porra. Não é a quantidade de notas azuis no boletim, nem a marca da sua roupa ou quantas vezes tu fostes a Paris esse ano que vai mudar qualquer coisa. Me importo com o caráter - este que tem que ser único e não teatral. Quando a cortina se fecha, nós, atores, devemos colocar de volta nossas roupas habituais e tirar a maquiagem. É exatamente nessa hora que vemos quem é cru.

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