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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Diário de expedição: Jornada Mundial da Juventude - parte IV

A primeira parte da vigília.

Depois de uma longa caminhada e de muitos sufoco, eis que o Papa Francisco havia passado diante dos meus olhos. A emoção de ver o Papa passando diante de mim é algo difícil de ser explicado, é um arrepio e um agitar de coração que eu nunca havia sentido igual. É único, é mágico! Espremer-me entre as pessoas para ver a sua rápida passagem foi para mim uma experiência de um filho que busca ardentemente ao pai, que quer vê-lo, quer tocá-lo, quer receber sua benção e sentir-se amado. O Papa Francisco passa realmente toda alegria e ternura de um pai que encontra seus filhos. Reitero, me senti abençoada e amada.
Foram 3 ou 4 segundos, o tempo exato dele olhar, abençoar e sorrir para mim.
Nós e os paraguaios ficamos ainda uma meia hora gritando o quase-hino da JMJ: "essa é a juventude do papa!". Nós todos, de todo cantinho do mundo, havíamos viajado muitas horas e sofrido um tanto para aquele momento! Era nada mais que surreal. Para completar, quando os seguranças vieram retirar as grades de isolamento, deixaram escapar que pela manhã o Papa passaria de novo! Foi nesse momento em que decidimos que dormiríamos ali mesmo, passaríamos fome e frio e ficaríamos plantados na grade até o Papa passar novamente. A vigília começava para nós.
Como estávamos longe do palco e não podíamos ter uma visão perfeita do telão mais próximo acampamos ali mesmo onde estávamos, na calçada em frente ao posto 2 de serviços gerais; não vi a vigília começar. Aquela, aliás, era a hora da janta. Tínhamos, apenas, o lanche que ganhamos no café da manhã que teria que durar até a tarde de domingo. Havia a possibilidade de pegarmos o kit vigília, uma caixa contendo alimentos que nos sustentariam até a tarde do domingo quando os tickets alimentação voltariam a funcionar. O único problema é que quando passamos pelo - único - ponto de retirada desses kits, ainda há 5 quilômetros de Copacabana, a fila era imensa e não podíamos perder todo aquele tempo pois a fila dava cerca de 5 voltas em uma avenida. Ao final da passagem do Papa, em momento de muita luz e inspiração, os meninos tiveram a em Copacabana para garantir nosso espaço na calçada.
Todos os homens foram buscar os kits e fizeram um esforço gigante para chegar no lugar a tempo e ainda carregar todos os kits de volta. Quem foi disse que foi uma verdadeira demonstração de solidariedade de todos. Eu fiquei na praia e minha tarefa era juntar, ou melhor, catar, todo papelão em bom estado que eu encontrasse pois essa seria a nossa cama naquela noite. No meio da tarefa eu e as meninas demos um jeito de assistir um pouco da vigília em um telão próximo de onde nós estávamos acampados. O que mais me chamou atenção nesse momento foi que as pessoas que estavam próximas aos telões e que provavelmente estavam acampadas na praia já há alguns dias, nos concederam passagem e ofereceram o seu pedacinho de lona para que nós, que não tínhamos absolutamente nada, pudéssemos nos sentar ali e também acompanhar a vigília. Eu não conhecia ninguém e só sabia de onde eram pelas bandeiras que carregavam, mas eu sabia de uma coisa: eramos todos irmãos em Cristo. Não havia disputa por melhores lugares, não havia xingamentos, egoísmo e não havia distinção de raça, nacionalidade ou dinheiro. Todos faziam seus esforços para que o outro também estivesse bem, que pudesse ver a vigília e que tivesse o que comer.
Eu, que sou extremamente egoísta com as minhas coisas, nunca havia passado por um experiência tão forte e concreta do chamado "abrir mão". Abrir mão da minha cama quentinha, da minha comida pronta na mesa, do meu banho quente e demorado, do meu banheiro limpo, do meu conforto, da minha individualidade, da minha vontade pela vontade geral e abrir mão do meu egoísmo. Deus realmente queria me mostrar que ser altruísta ainda é o melhor caminho e que existem, ainda, pessoas dispostas à isso! Me surpreendi ao ver a solidariedade e o amor de Deus imperando entre os peregrinos.
Voltando à vigília, consegui um lugar privilegiado em frente a um telão e ali pude ver grande parte dos acontecimentos daquela noite. Tive a graça de poder ver a linda oração do Papa Francisco, as apresentações de música e teatro em que amei ter visto Luan Santana cantando a oração de São Francisco e a apresentação de uma cantora norte-americana em uma musica emocionante chamada "Jesus Christ, you are my life" que aprendi a cantar nessa JMJ. Mas, o ápice da primeira parte da vigília foi a exposição do Santíssimo, um momento em que todos na praia ficaram em silêncio e de joelhos enquanto o Papa cingia o corpo de Cristo com incenso e, assim como nós, rezava.
Coloquei diante de Deus as minhas orações. Tenho certeza que Ele as ouviu.

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