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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Diário de expedição: Jornada Mundial da Juventude - parte III

O sofrido e abençoado primeiro contato com Papa Francisco

Caminhamos muito para chegar a Copacabana. Enfrentamos frio, chuva, sol, calor, fome e sede. Depois de 6 ou 7 horas nessas condições, o cansaço pesou e estava difícil continuar. Alguns de nós já não estavam bem; precisávamos parar.
Achamos uma única churrascaria em Botafogo, há uns 2 ou 3 quilômetros da praia. Não foi o melhor churrasco da minha vida e o preço não estava incluído no orçamento peregrino, mas foi bom parar e finalmente, depois de dois dias, comer comida de verdade.
A comida reanimou; confesso que também estava cansada e ansiosa para chegar logo. Me parecia que quanto mais caminhávamos mais distantes ficávamos de tudo: distantes da vida que deixamos em nossa cidade, distantes dos problemas que encontramos na hospedagem e distantes, até mesmo, do que considerávamos como um limite. Eu não conseguia parar e pensar que eu estava vivendo tudo aquilo. Era cada vez mais surreal.
Outro grande momento da peregrinação (para mim, o primeiro dos três eventos mais emocionantes) foi o que aconteceu nos túneis de acesso a Copacabana. Estávamos na reta final e só precisávamos atravessar três túneis pequenos e virar uma esquina que já estaríamos lá. Me repudiou a ideia de estar dentro de um túnel no Rio de Janeiro mas, perante o meu medo e cansaço, Deus me proporcionou um momento único. Encontramos um grupo de peregrinos catecúmenos dos Estados Unidos e outro grupo de catecúmenos da Argentina e eles puxavam um canto chamado "Cântico de Moisés", uma adaptação do canto que os hebreus cantaram logo após terem atravessado o Mar Vermelho. Só cantamos este cântico na páscoa para lembrar o sofrimento que os hebreus passaram e, mesmo assim, deram graças a Deus. O canto diz que "minha força e meu canto é o Senhor, Ele é meu salvador, é meu Deus, eu o celebrarei"; da mesma forma que Deus os libertou da escravidão do Egito, Ele, aos poucos, nos libertava das nossas escravidões diárias e mostrava a todo momento a sua bondade conosco, não deixando que nos faltasse nada e nos reservando momentos únicos.
Foi emocionante porque dentro de um túnel o som se abafa e engrandece, emocionante porque cantamos em três línguas que professavam uma só fé; o gigante tremia ao som de vozes que buscavam em Cristo suas forças. O som dos quatro atabaques deixava tudo mais arrepiante ainda e, acreditem, se tem barulho, tem catecúmeno! Enquanto andávamos ali, encontrei ânimo novo e coragem. Era preciso renovar as energias pois o melhor ainda estaria por vir.
Nos haviam dito que só poderíamos chegar em Copacabana até as 17 horas porque depois desse horário os voluntários começariam a fechar as ruas de acesso para preparar para a chegada do Papa Francisco. Saímos da churrascaria às 16:50; teríamos, literalmente, que correr contra o relógio. Imagine a agonia de um grupo que caminhou um dia inteiro em busca de um objetivo e que este corria o risco de não ser realizado; nós entraríamos naquela praia a todo e qualquer custo, furaríamos qualquer bloqueio e chegaríamos o mais perto possível. Para nós, ali, não existia a possibilidade de não dar certo.
Deus, mais uma vez, mostrou sua infinita misericórdia e bondade. Conseguimos que um grupo de voluntário nos deixasse furar a segurança na segunda rua de acesso. Além de termos conseguido, estaríamos relativamente perto do palco. A praia estava completamente tomada por jovens peregrinos, em todas as direções, de todas as nacionalidades. Era realmente lindo presenciar aquilo.
Nos infiltramos no meio do povo até que conseguimos um lugar perfeito. Deus providenciou tudo aquilo à nós! Estávamos à cerca de meio metro da grade e naquele dia não havia seguranças e cordão de isolamento. O Papa estaria a, no máximo, um metro de mim. Inacreditável. Era 18:10 quando nos fixamos naquele lugar. O Papa viria às 19.
Foram 50 minutos de muita expectativa e oração. Eu esperei tanto por aquilo. Aliás, não somente eu mas 4 milhões de jovens aguardavam ansiosamente por aquele momento. Eis que Francisco veio: simples, sem milhares de seguranças, sorridente e quase saindo do papa móvel para abençoar a cada um de nós que estavam ali.
Foi naquele rápido momento em que o Papa, a figura de Jesus Cristo, esteve na minha frente e fez o sinal da cruz, me senti amada e abençoada; coloquei toda a minha vida nas mãos daquele homem, eu sabia que ele estava abençoando toda a minha vida e todas as orações que estavam guardadas em meu coração. Nós, ali, espremidos nas grades, gritávamos, em coro: "esta é a juventude do Papa". Sem medo, sem vergonha, em qualquer língua, emocionados, agitados, felizes.
Eis-me aqui, faça-se em mim segundo a Sua palavra.
Somos parte da maioria.

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