Sobre se acostumar com as "variáveis" da vida.

Sobre as casualidades. As coisas que fogem à rotina.
Sabe quando tu te acostumou a ir à missa aos sábados à noite e de repente tu te vê indo na missa do domingo de manhã. Tu te acostumou a passar teus dias contando tuas mil aventuras e de repente se vê não sabendo o que falar ou fazer. Tu sempre entendia o que a professora de português falava e todas aquelas demoradas explicações sobre análise sintática; e sem esperar tu pergunta para ela o que é análise sintática. É como se tu passasse a vida inteira fazendo sentido e de uma hora para outra, sem aviso prévio, tu começas a não fazer sentido e, pior, tu não te entende. É estranho. Diferente. E tudo que é diferente, até que a gente se acostume, causa estranheza.
São variações. Variações entre o que eu era e o que sou. Eu sou variável. E aprendi que variáveis são mais conhecidas por incógnitas. E o que é uma incógnita? Alguma letra sem valor definido. Eu sou uma incógnita. Esperando que alguém termine a conta algébrica e me diga qual o meu valor. E que me digas se está certo ou errado, se é bonito ou feio, se é pra continuar ou terminar aqui. Resultado: são as mesmas perguntas para as quais eu nunca vi respostas.
Ninguém quer realmente saber se tu te acostumou com a mudança. É uma batalha que ninguém vai entrar no ringue por nós. E também não faz diferença qual é valor de x. Se sua equação estiver errada, "corrija". Se te levaram tudo o que tu tinhas, "era teu e não meu". Se tu não aprendeu a explicação gramatical, "problema teu". Se quiseres b e só tiver c, "não muda a minha vida". Se está fácil ou difícil, "não me importo". E o que os outros vão dizer, não quero mais saber.
Infelizmente, é assim que o mundo funciona.

Uma pequena nota por Marô Dornellas:
Tudo muda. Eu mudo. Você também. E cada vez caminhamos para um mundo mais egoísta.

PS: tinha mes esquecido de fazer isso, mas, o texto que mais gostei do mês de março foi "eu e o robô". Beijos.