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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

As coisas

Existem coisas de se ter. Outras pra comprar. Outras pra pegar emprestado, às vezes. Umas a gente joga fora, outras a gente finge que não tem. Tem até gente que rouba coisas. Tem coisas que são perenes, que serão sempre iguais. Outras são frágeis como o cristal, ou como o papel. A gente pode ter um monte de coisas, mas sempre estamos atrás de algo pra comprar. Solenemente ignoramos as
pessoas cujas coisas podemos pegar emprestado, às vezes. Aí essas coisas que a gente compra, a gente joga fora, ou o tempo se encarrega de transformá-las em coisas que a gente tem vergonha de ter. Jogamos fora.
Tenho feito uma coleção de coisas. Uma prateleira linda, pairando sobre a minha cabeça. Sentado na cama, com o computador no colo, me contorço e olho pra cima. Lá estão. As coisas. Pela janela entra um vento forte, pra lembrar da chuva que caiu pela tarde, quando eu ainda estava a mil quilômetros daqui. Sorrio. Com dentes e tudo, só de lembrar de todas essas coisas. Quem me conhece sabe o quão difícil é me fazer mostrá-los. Meus lábios são o músculo mais forte que eu tenho. Só pode ser. São como pesadas cortinas de um grande teatro.
Meus atores são muito envergonhados.
Se não fosse meu medo de altura, eu caminharia até a ponta da tua prateleira pra te ver dormir.
O computador suga minha convicção até a última gota. Dormirei.
Ser imaginário. Meio que uma combinação de todas as coisas.


Lucas Silveira, sempre com a razão.

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