BLOGGER TEMPLATES AND TWITTER BACKGROUNDS

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O conto do envelope branco - FINAL

Amélia* aguardou por mais de dois meses pela tal da carta. Muita espera para quem odeia esperar. Com tristeza no coração, já até esperava pelo escrito na carta e suas consequências, como em uma coisa predestinada a dar errada. Só não contava que realmente cairia na real quando não desse mais tempo.
Pois bem, a carta dizia que ela não poderia mais ser Jovem Vereadora, por causa de uma mudança na lei que descartava a hipótese de reeleição. A primeira reação: choque. A segunda reação: incredulidade. Impossível. Como isso foi acontecer? Estava tudo certo e bem planejado, se bobear, até alguns projetos ela já tinha escrito. Dizem que tudo que é bom sempre acaba...
Destinatário esperado, no tempo irregular e com conteúdo decepcionante. A gente sempre reza para que dura para sempre, sem contar que uma hora, por bem ou por mal, acaba. A gente só se lembra da lei nessas horas. E o que podemos fazer, se já não podemos mais mudar a lei?
E o que a Amélia fez? Foi lá, vestiu seu traje de solenidade, levantou a cabeça (porque lá a ensinaram a ser assim), respirou fundo, engoliu a tristeza, colocou um sorriso de vereadora no rosto, subiu as escadas triunfante, distribuiu acenos e cumprimentos, se dirigiu a um lugar que não estava habituada a se sentar no plenário, esperou começar, ouviu atentamente a apresentação do cerimonial - não sem antes engolir mais uma tantada de lágrimas - aplaudiu as entregas de diplomas, entregou diplomas e distribuiu desejos de boa sorte e sucesso, cantou o hino estufando o peito de orgulho, analisou mais uma vez sua passagem pela Câmara Jovem, despediu-se em atos vereadorescos, desceu as escadas orgulhosa de si mesma, foi embora com o coração apertado de ver sua cadeira azul vazia. Ela nunca esquecerá das coisas que fez ali, em um dos momentos mais marcantes e intensos de sua vida. Apesar de ter ficado triste e meio brava com a tal da lei, se sente bem orgulhosa e lisonjeada de ter tido a oportunidade de ter feito parte disso tudo.
Terceira reação: orgulho.
Amélia nem sempre fica feliz com as cartas que recebe. Ainda assim, gosta de recebê-las, pois dessa forma se sente importante. Amélia sempre vai fazer o que achar melhor com as cartas. Essa ela guardou com muito carinho.

Uma pequena nota por Marô Dornellas:
Pois bem, nem sempre temos os finais que queremos ter.

*Meu pseudônimo preferido.

Os meus preferidos de agosto: não vou indicar alguns, mas sim indico todos, porque gostei de todos, hahaha. Enfim, acho que ficaram legais.

Nenhum comentário: