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terça-feira, 6 de julho de 2010

O conto do telefone salvador.

Acordei. Finalmente é outro dia. Dormi tanto que quase cheguei ao ponto de esquecer o que aconteceu nas últimas duas semanas. Tudo me parece novo, diferente e estranho, agora. Não reconheço mais esse lugar; me achei tão estranha quando me olhei no espelho do banheiro, hoje de manhã.
Acendi as luzes da casa; procurei por todo mundo, mas eu estava sozinha. Olhei as mensagens na caixa postal do celular, não havia nenhuma. Chequei meus e-mails e replies no twitter, não havia nada novo. Voltei para o meu quarto e peguei a caixa azul de estrelas pretas que estava embaixo da minha cama e abri-a. Lá estavam fotos, cartas, e presentes que guardei com carinho por tantos anos; não me pareciam mais meus. Não tinha mais vontade de chorar - e nem conseguiria. Eu sentia frio e um certo vazio no peito. Não tinha mais para quem ligar, porque todos estavam ocupados curtindo as férias em Nova Orleans. Todos os livros, resvistas e jogos para videogame que eu havia comprado já tinham me enjoado em uma semana. Não tinha nada para fazer, além de dormir ou pensar. Eu não tinha mais sono, dormi tanto que me cansei de dormir; mas tinha medo de pensar.
Na verdade eu não queria admitir que estava sozinha trancada em casa porque todos os meus 'amores' assim chamados tiraram férias na mesma época. Não tenho amigos, não vejo garotos, não faço nada e estou em casa sentada na cama -ainda de pijama - abraçando os joelhos junto ao peito enquanto a vida acontece lá fora. Não por querer, mas...
... o telefone tocou.
Não esperava por esse telefonema; na real, eu não faço o tipo que recebe ou dá telefonemas. Era ele. ELE. Queria saber se eu estava bem, porque na última vez que nos encontramos por acaso eu estava com cara de tédio, triste e meio brava com alguém. Achei que o meu coração fosse parar. Ele nunca tinha me ligado antes, na verdade ele mal falava comigo. Fiquei surpresa, mas feliz.
Fiquei pensando naquele telefonema o dia todo. Eu não sabia o que ia fazer. Eu também não faço o tipo que admite que está gostando de alguém; eu faço o tipo séria e difícil. Me admirou alguém tão popular quanto ele não ter ido para Nova Orleans também. Parei de pensar nas hipóteses do por quê disso; me levantei, lavei o rosto, vesti uma roupa e saí para trabalhar à pé, porque era dia do rodízio do meu carro.
Cheguei ao trabalho exatamente às 8:00, falei um oi que ninguém respondeu porque todos já tinham começado suas tarefas do dia. Fui para a minha mesa no canto da sala, liguei meu notebook, me concentrei em minhas tarefas e não me dei ao trabalho de saber o que os outros estavam fazendo enquanto eu trabalhava. Trabalhei até 12:30 e saí para almoçar.
Quando saí, me deparei com o cara que me ligou às 7:00 da manhã me perguntando se eu estava bem, parado bem na porta do prédio onde trabalho. Fiquei surpres e feliz, de novo. Ele me chamou para almoçar junto com ele, aceitei. Ele começou a me contar umas histórias que me deixaram meio confusa, eu não entendi o que ele queria. Me disse que sempre que tenta falar comigo eu viro a cara ou saio correndo, que não atendo seus telefonemas, não respondo e-mails, nem replies no twitter e nem mensagens no celular. Fiquei de boca aberta. Para completar ainda me disse que não foi viajar porque precisava me dizer que me queria para toda a eternidade e ao contrário do que eu penso eu sou muito importante na vida de alguém, tipo a dele. Fiquei imóvel. Não estava acreditando que estava ouvindo aquilo que eu sempre quis escutar da pessoa que eu sempre quis ouvir; eu não faço o tipo que escuta coisas legais de pessoas legais todo dia. Aí eu não preciso nem dizer que a gente se beijou e tal.
E desde esse dia eu não tenho mais vontade de chorar quando vejo fotos e cartas de pessoas falsas que se deram ao trabalho de tentar me ganhar com algumas mentiras bonitas. Ele é tão diferente dos outros caras que eu conheci. Ele é intenso, forte, sério e engraçado quando precisa ser, meio que como eu. Perco o sono toda noite e penso - porque agora não tenho mais medo de pensar - em quão sortuda eu fui de poder ver que essa pessoa especial esteve do meu lado a vida inteira e mesmo no momento de mais depressão me ligou pra dizer que está tudo bem e que ele está do meu lado. Eu fico sem palavras. Não parece que as coisas aconteceram assim comigo e em um curto espaço de tempo.
Pena que foi só mais um sonho e quando eu acordei tudo estava como eu tinha deixado antes de dormir, inclusive ele.

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