BLOGGER TEMPLATES AND TWITTER BACKGROUNDS

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

2014 - o ano de bixete

Duas vidas. Duas cidades. Duas casas. Tantas histórias pra contar.
Minha vida mudou completamente em um ano. A transição do Ensino Médio para o Ensino Superior; trocar, finalmente, física por teoria geral do processo; deixar a casa dos meus pais e ir para a minha casa; trocar quintas de estudo por quintas de balada. Ir, finalmente, em busca da minha nova vida.
Encontrei em Franca tudo que procurava: o Direito, a Faculdade, festas universitárias, novos amigos, novos professores, novos amores, novas paixões, nova cidade, novos lugares e, principalmente, uma nova chance de começar. Começar uma vida nova. Começar a viver os meus sonhos.
Engana-se quem pensa que a vida na faculdade de Direito é só farra; são inúmeras leis a serem decoradas, com suas explicações doutrinárias e jurisprudenciais, são incontáveis textos e livros para serem lidos antes das provas e tantos trabalhos, seminários e provas que fazem o "jovem operador do Direito" perder o sono.
Morar fora e longe dos pais implica uma responsabilidade muito grande: aprendi a importância de se pagar as contas em dias (a.k. ninguém merece filas de bancos), entendi e sofri na pele os aumentos da inflação sobre os alimentos (valeu, Mestre Moraes!), sendo que antes nunca havia lidado com "comprar em supermercado" na vida; senti saudade do meu pai marcando horários para chegar em casa e me buscando em cada "rolê", pois morar sozinha implica chegar em casa de madrugada e encontrar tudo apagado ou então voltar à pé na chuva depois da aula; doeu o bolso cada vez que precisei de encanador ou eletricista (nao sabia que eram tão caro!); superei meu medo/nojo com baratas pois se eu não matasse, elas certamente me matariam enquanto eu dormia (minha casa é praticamente infestada desses bichos!) e aprendi, sobretudo, o quanto é cruel depender de mesada e fazê-la durar o mês inteiro.
Mas apesar de todos os lugares novos que conheci, apesar até mesmo das pessoas maravilhosas que Deus pôs na minha vida (que, aliás, só tenho a agradecer por serem minha família francana!) o que mais aprendi nesse primeiro ano longe de casa foi a importância da minha família na minha vida e do tamanho do amor que sinto por eles. Estar fora me mostrou o quanto é bom voltar para os braços daqueles que me amam, de abraçar forte e de dizer que amo! É um amor tão genuíno, que não espera nada em troca e que dinheiro nenhum no mundo compra. Sou grata a tudo que meus pais fizeram por mim neste ano e pelas inúmeras marmitas que a Vó Noemia fez questão de me mandar!
Foi um ano e tanto! Quanta agitação! Quantas coisas novas! Quantos presentes maravilhosos Deus me deu! Só tenho agradecer a Deus por tudo que se passou em 2014, por todas as oportunidades que Ele me deu e por ter cuidado de mim quando eu estava sozinha. Espero que 2015 venha com muita paz, amor e saúde para todos nós! Que seja ainda mais agitado, cheio de coisas boas e que nos faça ainda mais felizes e realidados!
Feliz 2015!!!

Uma pequena nota por Marô Dornellas:
O título resume bem o que foi para mim este ano. Amei ter sido bixete do brejão! Sentirei Saudades!!!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Estou viva.

Muita coisa mudou na minha vida de 2008 pra cá. Hoje quando abro a tela do meu blog não sei bem sobre o que escrever. Não sei mais expressar em palavras, metáforas e rimas o que guardo dentro de mim. Acho que aos poucos estou aprendendo a guardar pra mim o que se passa lá dentro ou aos poucos tenho aprendido a desviar a atenção de sentimentos para processos. Não quero vir aqui e escrever longos monólogos sobre o que penso acerca de criminologia, aborto, Bolsa Família, direito objetivo ou subjetivo; há vários autores mais equipados e estudados para falar sobre isso; não foi com essa intenção que criei o blog.
Hoje, 6 anos depois, sinto dificuldade em falar de mim. O sangue nos olhos, a rebeldia e a teimosia continuam os mesmos de sempre, não duvidem. Porém, algumas pancadas que levei da vida me fizeram silenciar ou não espalhar aos quatro cantos o que se passa em mim. A gente aprende no Direito que quanto menos provas produzirmos contra nós mesmos, melhor. Não quero perguntas e respostas pré-concebidas, carregadas de preconceitos e julgamentos de quem não tem a menor legitimidade para me inquirir. Sei bem que meu amado blog não vai me julgar ou rejeitar algo que eu aqui escreva, mas entendam, como um domínio público, tenho reduzido o que posto e público.
Há tantas histórias que eu gostaria de vir aqui e escrever e contar cada detalhe que me inquieta o cérebro, ou que me faz rir até cair da cadeira, que vocês não tem ideia! Mas é que há tantas pessoas envolvidas, tantos sentimentos no meio dessas histórias e presságios que me poupo de fazer isso.
Não quero burburinhos, alardes, conversas por detrás das minhas costas e julgamentos pelas minhas palavras. Quero olho no olho, conversa cara-a-cara, sem mais discussões de whatsapp ou indiretas de twitter. Eu cresci e tenho orgulho de quem me tornei. Não quero dar explicações, detalhar cada passo que dou. Quero é alguém que corra do meu lado, que esteja lá quando eu precisar e quando eu não precisar que esteja lá também porque, afinal de contas, companheirismo, até onde eu sei, é isso. Se eu não pedi conselhos, não me dê. Se estou contando uma história, só ouça. Se eu chorar, só me abrace. Se tiver festa, venha comigo. Se não tiver festa, esteja comigo também, mesmo que longe ou muito longe.
Viver é um risco, estou ciente; já assinei e homologuei o termo. Se tenho medo? Muito, mas vou levando até onde dá.

Estou viva, como nunca estive, e espero que vocês também estejam.
A vida passa, amigos. A hora de viver é bem agora, não temos tempo.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Primeiro semestre

Muita coisa mudou na minha vida em 6 meses.
Entrei pra faculdade, fui cursar o que eu sempre quis.
Fui morar sozinha, fazer minha própria comida, lavar minha própria roupa, lidar com meus próprios problemas.
Há quem diga, e a maioria diz, que vida universitária é só farra. Bom, depende do seu ponto de vista. Se tem festa? claro que tem! E open bar, das melhores! Mas o que não está nas redes sociais e nas rodinhas de conversa, é os artigos decorados, os estudos, as pesquisas, a lei no caso concreto; são essas as coisas que mudam a vida de quem cursa Direito.
O curso de Direito humaniza muito, coloca o estudante frente a frente com a realidade da maioria da população e tira do mundinho cor-de-rosa. Uma vez, numa feira de profissões, um tal Pedro me disse que "o Direito é apaixonante, é impossível começar e não gostar" e hoje estou aqui, confirmando isso. Há aulas que a gente tem vontade de sair correndo mesmo, nem sempre dá pra concordar com o Senhor Doutor que está lá na frente, mas o segredo é encontrar em cada aula, em cada frase de efeito, em cada ato jurídico o motivo que te levou a estar cursando aquele curso e ver que é por este motivo que você está ali. Tenho descoberto a cada dia a minha vocação e vendo que o motivo que me levou a estar ali é realmente tangível. Sou fã do Direito e tenho a Justiça como ideal maior, ainda que esta seja, muitas vezes, cruel ou tardia.
Encontrei na Faculdade de Direito de Franca o motivo pelo qual sempre quis lutar. Encontrei, lá no brejão, pessoas querendo lutar comigo, abraçar a mesma causa que a minha. Confesso que lá na cidade grande as coisas são diferentes, e beem diferentes, mas encontrei o terreno ideal para lutar pelos meus sonhos e encontrar um caminho para a minha vida.
Se teve confusão? Claro. Já viram Maria Olívia não estar metida em apuros?! Mas aprendi que há coisas pelas quais se deve realmente lutar, como direitos humanos, mas têm coisas, tipo homem, que é melhor deixar a vida decidir o que é melhor pra gente. Confesso que, apesar dos pesares, é bom estar, finalmente, aberta à "vida". É uma questão de, finalmente, poder escolher o que eu quero, como eu quero. É uma sensação de liberdade pois finalmente me colocaram no mundão de meu Deus pra eu procurar alguém que ao menos tenha o mesmo o ideal que o meu e que de alguma forma, seja o ideal pra mim. Agora sou eu, não tem ninguém decidindo por mim. E que os anjos de Deus me abençoem!
Essa coisa de ter que decidir tudo nem sempre é fácil. É um peso bem grande. Mas é assim que a gente aprende a viver. Aprende a viver longe da família, longe dos amigos de infância, longe do mundinho rio pardense (uma cabana de zinco e sarrafos coberta por uma redoma de vidro). Me julgam pois "blah, a faculdade te mudou" e olha, mudou mesmo. Nunca, há seis meses, um ano atrás, imaginava que eu estaria assim: controlando cada centavo da minha mesada (que antes eu nem tinha), fazendo minha própria comida, lavando minha própria roupa, chegando sozinha em casa, indo à pé para todos os lados da cidade, indo numa eucaristia sem salto. A faculdade me mudou mesmo e tenho muito orgulho disso. Estou me tornando quem eu sempre quis ser e não digo isso pelas festas open bar ou por qualquer outra coisa, mas é o Direito o responsável por tudo isso, é o responsável por me tirar da redoma de vidro e me fazer enxergar com nitidez, pela primeira vez na vida, como as coisas são de fato.
Uma pequena nota por Marô Dornellas:
Amanhã começa um novo semestre; é hora de voltar. E que os anjos digam amém!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Coisa de Litoral, parte II

Escrito em 11/01/2014, do alto do meu temporário 2º andar.

"Tudo pode estar lá"
Quando saí para esta viagem encontrava-me com corpo e mente cansados. Estava esgotada por mil motivos: vestibulares, amor, decepções e por aí vai! Na virada do ano, bendizi a Deus por tudo que aconteceu na minha vida em 2013 pois tudo, de alguma maneira, foi bom e valeu à pena. < br /> Apesar disso, não posso negar que muuita aconteceu.
Na vida muito mais coisas foram feitas para nos matar do que para nos fazer viver, mais perguntas estão sem respostas do que podemos imaginar. Mas, antes de vir, parecia que tudo, de alguma forma, "saiu fora dos trilhos" e o trem ameaçava perder o controle.
Entretanto, no meio de tantas dificuldades, sejam elas financeiras, emocionais ou físicas, no meio de tanta adversidade Deus me presenteou de uma forma que eu não poderia sequer imaginar.
Depois de 2 anos a viagem para o litoral saiu e quando viemos, fazia apenas uma semana que o contrato havia sido finalizado pela internet com um desconhecido. A falta que o mar fazia a nós, simples interioranos (quiçá sertanejos rústicos), era inexplicável e a vontade de descer a serra era muito maior do que qualquer problema. Tenho certeza que Deus olhou com carinho para nós, todos desgastados por um ano difícil, e providenciou que tudo desse certo. Ainda não consigo acreditar que encontramos tudo em boas condições e que estou num lugar bem perto do que as pessoas consideram como sendo um "paraíso".
A orla daqui é linda, cheios de prédios de frente para o mar (inclusive o nosso!!!!), água azulzinha, coqueiros na areia, o quiosque da filó e os caiçaras morenos. A praia aqui em frente ao prédio é de barranco, não permite que a gente entre muito pois afunda. Afunda tudo: a gente, a areia e os maus sentimentos. As ondas vêm fortes, carrengando tudo que nos faz mal, para bem longe.
Mas descobrimos, no mesmo dia em que chegamos, uma outra praia a 5 minutos à pé daqui, e esta carrega na essência o nome que lhe deram: prainha; praia pequena, calma, com poucas ondas, mas cheia de gente (e de água viva!). O sol da prainha brilha mais forte, a areia esquenta mais rápido, a praia fica tomada por guarda-sois (e por água viva depois das 2 da tarde!!!). A água, sem ondas, ameniza a dor, a queimadura do sol e as feridas internas e externas. O sorrisão largo do moço moreno do quiosque faz a gente esquecer que um dia o coração doeu, faz a gente se permitir dar uma chance (pela milésima vez) ao amor. Nunca esquecerei-me deste sorriso, tão grande e sincero, e das palavras que o Rafael me dirigiu, algumas engraçadas, outras profissionais, algumas filosóficas e todas inesquecíveis.
O litoral guarda em sua essência uma magia única, não é algo que se pode ver ou tocar, é algo inerente ao local. Algo que faz a gente sair daqui e viajar longas horas, algo que faz a gente não ter vontade de voltar pra vida real, algo que nos faz desejar perder o idolatrado branco-vestibular para tentar chegar perto do moreno-caiçara e que faz a gente querer trazer na bagagem a areia e o sal do litoral.

Aprendi à duras penas nestas minhas andanças pela vida que, independentemente de onde a gente for, teremos vontade de trazer pelo menos uma coisa deste lugar junto com a gente e que vamos nos desesperar no dia antes da partida quando nos dermos conta de que não poderemos trazer. O que quero dizer é que até dá para trazer fotografias, quadros, canecas, enfeites e tal, mas não se pode trazer a sensação de estar lá, não se pode trazer a brisa, o barulho das ondas, o sorriso do moço, a piscina do prédio, o quiosque da filó, a areia quente da praia, a água cheia de sal e centenas de outras coisas que fazem com que aquele lugar seja especial.
Um dos truques de mágica do litoral, com certeza, é que as coisas tão próprias dele nós não podemos trazer, apenas podemos lembrar e sentir vontade de voltar.. E não só no litoral, em qualquer lugar que vamos, por pior que seja, queremos trazer algo "próprio" daquele lugar e, o que muitas vezes esquecemos, é que se pudéssemos trazer tudo, o lugar em questão perderia a magia, perderia a sua essência. Não teria graça ter tudo que há lá, aqui. Qual o sentido de viajar horas e hora para ver o mesmo que tem aqui? O sentido é ver coisa nova, gente nova, sensações novas, cheiros novos, tudo novo.
A saudade que invitávelmente dá, a vontade de voltar, tudo isto acontece em decorrência do fato de não podermos trazer essas coisas para a nossa casa; queremos sentir de novo, queremos encontrar o litoral como deixamos. Se é possível? Claro que é. Acredito piamente que no próximo verão, quando eu estiver novamente esgotada de provas, trabalhos, amores e problemas, o mar está lá, imenso e de braços abertos, para me receber e curar de novo as minhas feridas. Acredito na força de uma viagem para nos renovar. Acredito na força do mar curando a ferida.
Tem coisa que infelizmente não sobem a serra e realmente entendi isto nesta viagem, mas que dá uma vontade louca de voltar para trazer um pouquinho, ah, como dá.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Coisa de Litoral.

Mala cheia, cabeça exausta, cansaço de um ano de trabalho. Parece até clichê, mas na mala, além das roupas, vão as muitas preocupações, as tristezas e as incertezas; vão para não voltar mais. São essas coisas que matam a gente aos poucos, não deixam que a gente seja totalmente livre como pássaros.
O passado nos prende. Os laços afetivos nos prendem. As preocupações com o futuro nos prendem. As frustações nos prendem. E prende à quê? Nos prende a dar um passo adiante, entrar ali no mar e deixar que a onda leve embora. Já reparam que quanto mais a gente odeia uma coisa mais dificuldade tem de se separar dela? É que não é bem odiar.. a gente só queria que fosse diferente, mas ja que não é tenta se conformar com o que tem. Esta é uma das grandes armadilhas/encruzilhadas da vida: somos tão apegados com o que temos que não conseguimos dar dois passos à frente.
Contudo, chega uma hora que não dá mais. Não dá mais para suportar. É falsidade por todo lado, mentira, desaforo, indireta, falta de caráter que por mais que a gente seja apegado, por mais que o laço seja forte é hora de afrouxar.

Tira a roupa. Tira tudo que te faz mal. Tira esta falsidade que está impregnada ao corpo. Arranca a pele até não sobrar resquícios deste teu desalento.
Entra no mar. Lava o teu corpo com água limpa, é vida nova.
Põe roupa de litoral, deixa a pele torrar no sol, pra cicatrizar.

Deixei tudo pra trás, metade coloquei fogo, metade joguei pra bem longe no meio do mar.
Não quero mais. Não posso mais. Não aguento mais.
Não quero perto de mim coisas e pessoas que emanem energia ruim, falsidade, mentira ou inveja. Aqui vale a lei do "antes só do que mal acompanhada".
Lá no litoral eu soltei o laço, não quero mais ficar amarrado ao que me faz mal.
Sou sagitariana, preciso ser livre. Preciso ter uma imensidão azul pra olhar de manhã. Preciso saber que vou ter pra onde correr quando eu precisar.
Não me prenda. Não seja falso(a). Sorria de verdade enquanto joga conversa fora; é aqui que você me ganha.
Ando sem destino, sem rumo, sem ninguém. Carrego meu sorriso no rosto e algumas marcas que a vida me deixou. Sem bolsa, sem mala, com a roupa do corpo.
O mar me deu forças para vencer meu desalento.
Nunca teste um(a) sagitariano(a) porque quando ele(a) ressurge, nada fica de pé.

Uma pequena nota por Marô Dornellas:
Como é bom voltar ao litoral.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O trabalho.

Escreve. Edita. Corta pedaços. Tira palavras. Põe Palavras.
Ritmo Frenético. Escreve até passar a vontade. Despeja palavras. Joga fora o que machuca e o que sufoca.
Chora. Sente Raiva. Sente Amor. Tudo outra vez, só que em palavras.
Promete que vai ser a última vez que vai sentir; nunca é.
Escreve esperando que lê; nunca sabe se leu.
Verifica tudo antes de publicar, procura erros onde não tem. Esquece de corrigir os erros óbvios.
Palavras às vezes são espinhos, às vezes flores. Tudo depende do que você vê, ou lê, no caso.
O trabalho é este, mais simples ou mais difícil que parece. Tem que gostar e não ligar; são as suas palavras.
Se der problema, volta para o começo; revisa. Se não gostar, apaga tudo e começa de novo. Procura perfeição onde não é possível ter.
Organiza pensamentos e traduz em palavras; sempre funciona.
Descarrega o peso. Coloca em palavras o que ta aí dentro.
Se der saudade, relê o texto depois de publicado.
Se der raiva, relê ou finge que não escreveu.
Texto publicado é memória guardada para a posteridade.
Sobra palavras e falta tempo.
Falta sono e sobra uma vontade louca de escrever no silêncio da madrugada.
Que nada te perturbe, ou te distraia, enquanto escreves.
Trabalho que exige concentração e coragem - pois são poucos os que estão dispostos a revelarem o que realmente sentem.
Se for corajoso, bem vindo ao meu mundo.
Se não for, meus pêsames, não sabe o que perde.
Se é só euforia, não sei o que dizer, só escrevo sem sentido algum.
Se tem sentido, o trabalho é ainda maior e mais exigente.
Como diria Clarice Lispector, é salvação e maldição. Salva do peso de guardar tanta coisa. Maldição porque vicia e não há como parar.
Inspiração às vezes vem do nada e às vezes não vem de jeito nenhum. Há dias bons e dias ruins para este trabalho.
Tem dias que confunde e tem dias que clareia.
Gosto deste trabalho. Sinto prazer em fazê-lo, em despejar em palavras, cruéis ou dóceis, aquilo que sinto.
Aqui, não importa a opinião do examinador, apenas a minha, soberana em pelo menos algum lugar.
Mando e desmando. Invento. Crio. Volto ao começo. Sem precisar de lógica ou de motivo, vou escrevendo. Enquanto houver sentimentos me esmagando por dentro - creio que isto persistirá por todo o sempre - estarei aqui. Se falta tempo, arrumo. Se falta inspiração, vivo. Quando vivo demais, escrevo. Um ciclo vicioso, sem fim.
Amo estar aqui e se um dia algo não me permitir mais estar aqui quando eu quiser, quando der saudade, quando a dor sufocar ou quando eu, simplesmente, precisar escrever sobre nada, sentirei-me arrasada.
Meu blog, meu fiel companheiro. Teorias dinâmicas nunca me faltaram. A cada dia, uma loucura. A cada loucura, um texto novo no blog. Sem pressa. Sem pressão. Sem examinador. Sem veredictos.
Aqui há apenas eu, minhas palavras, um bom editor de textos e um blog repleto das minhas memórias.
Nada profissional ou grandioso, apenas meu.
Meu querido blog, que há 5 anos me faz mais feliz. Que há 5 anos escuta minhas conversas fiadas. Não sei se as entende, mas escuta e me deixa falar. Simplesmente perfeito.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Poema de fim de ano.

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade

Retrospectiva 2013

Um ano, de muitas formas, marcantes. Este foi o ano da decisão, de escolher quem e o que eu seria pelo resto da minha vida. Foi um ano difícil justamente pelo fardo desta decisão que engloba vários aspectos, mas ainda assim, um ano certamente inesquecível!

2013 chegou badalado. As férias de verão foram uma das melhooores da minha vida, com certeza! Se não teve praia, viagem que costumo fazer todo verão, teve muita balada aqui pelos lados do Rio Pardo! O verão me permitiu curtir todas as festas que o resto do ano dos vestibulares não me deixou curtir. E tive companhias incríveis, que cantaram e dançaram comigo todas as músicas do começo ao fim!
Mas quando o verão acabou, o choque de realidade. Comecei meu terceiro ano do Ensino Médio com uma das melhores notícias que já recebi na vida: aprovada na UNESP como treineira, em Serviço Social em 5º lugar! Ah, a Unesp... o #projetounesp ficou sério neste dia, pois foi com grande alegria que recebi esta aprovação, desde treineira eu já queria muito a Unesp e só Deus sabe o quanto continuo querendo! Apesar de começar o terceirão aprovada em serviço social na unesp e direito na puc e na unaerp, eu já sabia que teria que ralar muito para conquistar meu objetivo: uma vaguinha em alguma faculdade em 2014 (que de preferência seja a UNESP!).
O que era apenas um anúncio de ano marcado por muitos estudos se concretizou ao longo de 2013. A rotina era cruel: aula das 7 às 13 e duas ou três vezes por semana aula à tarde, às 14 horas, o que não me permitia voltar para casa e almoçar. Porém, aprendi a almoçar na escola junto com os meus amigos e por mais que não tenhamos tido almoços muito saudáveis, nos divertimos muito todas as vezes! Além disso, quando não era aula à tarde, era prova, o que era consideravelmente muito pior. Tinha dias que eu passava mais tempo na escola do que em casa. Quando não estava na escola, estava no meu quartinho dos fundos estudando, completamente alheia ao mundo. Estudei sem parar para quase nada, das 7 às 23 horas, cansada ou não, semi dormindo ou não. Disciplina e determinação foram as palavras de ordem!
O café foi eleito meu melhor amigo em 2013! Esteve comigo todos os dias da minha vida, em doses amargas que era para eu despertar e manter-me focada nos meus estudos. Minha cafeína não me deixou desanimar, só o cheiro do café do lado da minha mesinha de estudos já me dava forças extras! Descobri um grande amor que, como todo 'amor', no começo é uma fofura e a gente tem uma ânsia enorme de querer doses grandes com medo de acabar até termos uma dor de estômago tremenda e revermos nossa postura. Minha crise de gastrite mais forte, pasmem, foi na vigília da JMJ, em que, menos de 5 meses de amores profundos, percebi que já era hora de diminuir o ritmo. Hoje eu e o café fizemos as pazes: duas xícaras por dia, no máximo, e não mais uma garrafa a cada 24 horas.
2013 também teve um quê a mais de angústia: a despedida. Se antes dizer "tchau, foi embora" a esta minúscula cidade com todos os problemas me parecia uma ideia perfeita, hoje já pondero mais este ponto de vista. Vivi muito aqui, cultivei grandes amizades, minha comunidade do caminho está aqui e sobretudo, minha família. Em algum momento deste ano, não me recordo exatamente qual, desenvolvi um amor exacerbado pela minha família, o qual nunca antes havia sentido. Minha mãe se tornou minha melhor amiga: verdadeira e realista, me deu as melhores dicas de vida que espero não esquecê-las nunca. Meu pai se tornou meu herói, sem nenhuma briga desta vez, foi o cara que conseguiu ir e voltar de uma cidade à outra em uma hora, para pegar o RG do Carlinhos e ele chegar a tempo de fazer a prova. Meus irmãos, meus queridos amores, irritantes, porém, meus queridos. Minha avó, a pessoa que mais rezou por mim neste ano; não teria sido capaz de enfrentar esta maratona de vestibulares se não fossem as fortes orações da dona Noemia, minha rainha! O dia da minha mudança sabe-se lá para onde se aproxima e por mais que eu queira demais a minha independência, vou sentir tanta falta deste amor que tive em casa neste ano! Sinto tanto por não ter curtido mais a família, por ter passado boa parte da minha adolescência reclamando e brigando com tudo.. sinto por não ter estado mais aqui dentro. Estudei muito, mas o eu verdadeiramente aprendi foi amar a família que Deus me deu, foi os valores que meus pais se empenharam tanto a me ensinar! Hoje eu sei o quanto tudo foi bom e tudo que eles fizeram foi para o meu bem, sou eternamente grata por tudo que recebi aqui dentro este ano: amor, carinho, respeito, conselhos, apoio e todos torcendo pelo meu sucesso, se não fosse a força que vocês me deram este ano, eu não teria aguentado! Amo demais vocês e vão fazer uma falta enorme na minha nova cidade!
Choros à parte, este também foi o ano da despedida do Ensino Médio! Três anos sofridos, de fortes inimizades, desavenças e intrigas. O terceirão não foi diferente: brigas, intrigas, acusações, troca de farpas o tempo todo. Acho que cada um a sua maneira sofria por um motivo, uns pelos vestibulares, outros de amor e outros de fofocas, mas cada um teve seu motivo para fazer o que fez! Acredito que tudo na vida é importante e nos ensina algo, logo, o Ensino Médio foi importante na minha vida porque me ensinou a conviver com as diferenças, de ouvir e acatar a opinião alheia mesmo que eu não concordasse com tudo o tempo todo.. e isto foi importante porque eu sei que na minha vida de advogada vou ouvir muito não, vou perder algumas causas e sempre haverá alguma área que eu não dominarei. Quando isso acontecer, vou me lembrar dos dias de DGG COC, de ouvir e ficar calada, de respeitar o outro, de aprender que "querer é fazer" e de, sobretudo, mostrar a mim mesma que sou capaz de vençer independentemente da dificuldade. Na sala de aula não fomos amigos, nos detemos a reunirmo-nos em grupos que tivessem as mesmas características pessoais e objetivos comuns. Cada um encontrou o que queria e tenho certeza que foi feliz. Sentiremos saudades! Sentiresmo da nossa turma meio diferente, da convivência, dos professores e das nossas panelinhas. Mas é, a gente se encontra numa mesa de bar, num evento da faculdade e veremos o quanto tudo valeu à pena na vida de cada um. Espero que todo o terceirão coc 2013 seja feliz, que cada um siga seu caminho e tire lições para levar para a vida muito além das nossas 300 mil matérias!
E como falar do terceirão sem falar no #paponerd? O #paponerd com certeza foi a melhor parte de todo o Ensino Médio! Como o nome do nosso grupo já diz, o nosso objetivo é "discutir as mais variada formas de conhecimento" em qualquer lugar, o tempo todo! Somos 8, felizes, nerds com muito orgulho, estranhos, diferentes e os carinhosos apelidos que você quiser nos dar. O lema do #paponerd é não se importar com o quanto digam que somos estranhos, e sim, aprender em qualquer situação. Aprendemos muito.. primeiro, a nos respeitar; segundo, sobre infinitas matérias e informações vestibulandísticas trocadas; terceiro, a rir da nossa própria desgraça; quarto, a dar um jeito de resolver os nossos próprios problemas, sejam eles de matemática ou pessoais; quinto, e não menos importante, a amar verdadeiramente e extrair o máximo de conhecimento possível dos nossos professores e não deixar nossas dúvidas passarem. Vai ser estranho, tenho certeza que a todos independente de onde estejam no próximo ano, entrar numa sala de aula e não encontrar o #paponerd todo reunido me esperando chegar, encontrar todos rindo, virar para o lado a cada mísera duvidazinha e não encontrar vocês no pátio para comer coxinhas no almoço! Já disse muitas vezes e direi-o novamente: amo o #paponerd, sinto orgulho de ser #paponerd, nunca vou me esquecer do #paponerd, vou morrer de saudade do #paponerd na faculdade, vou morrer de saudade de almoçar com o #paponerd, vou morrer de saudade de compartilhar conhecimentos com o #paponerd! Vocês sao incríveis, amigos sinceros, fofos na medida certa e muito especiais no meu coração. Espero que nunca percamos a amizade que o #paponerd e os dias difíceis de vestibulares uniram!
Não poderia deixar de ressaltar o quanto me apeguei nos amigos catecúmenos! Seja com as "gatas da comu", seja com toda a comunidade 5 que tanto amo ou com aqueles que estão longes(especialmente a Lê, de Brasília, que sempre lê o meu blog, que é uma fofa, que troca experiências de peregrinações comigo e que eu agradeço muito a Deus por ter conhecido!). É difícil para mim, também, pensar que não estarei perto dos irmãos todos os dias no próximo ano (se tudo der certo e eu finalmente for para a faculdade!). Quero muito estar em uma cidade onde tenha o Caminho, quero muito poder continuar ouvindo a palavra de Deus toda semana e espero encontrar pessoas legais e dispostas a serem meus irmãos nesta nova comunidade mas há pessoas que Deus coloca na vida da gente que simplesmente são para todo sempre! São pessoas que ficarão do teu lado independentemente do que você resolva fazer, gente que vai sempre ouvir o que você tem a dizer, que vai te dizer o que fazer quanto você estiver perdido, que vai te levar pra casa toda vez mesmo sem você pedir ou querer, gente que vai torcer pelo seu sucesso, que vai te levar para missa e depois para a balada! Gente que quando tem que ser séria sabe bem como ser, mas, que se puder, vai dar um jeito de fazer piada com tudo só para você relaxar. Eu agradeço tanto por ter pessoas assim na comu, por ter anjos que fizeram tanto por mim neste ano, que me aguentaram nas crises, ouviram toda a minha ladainha (mais longa do que aquela que canta na Páscoa!), que estiveram comigo em todo tempo, que não me deixar perder a fé e a esperança. Isso sem contar na JMJ, o quanto foram pessoas enviadas por Deus para cuidarem de mim! Sou eternamente grata por tudo que a comunidade 5 - a melhor das melhores- fez por mim neste ano! Obrigada por cada oração, cada carona, cada sorriso amigo, cada "rolê dus campeao" pra descontrair a moçada, cada conversa séria que tivemos, cada brincadeira e por cada momento que estivemos juntos! "A comunidade 5, cheia de amor e zinco" foi uma das melhores partes do meu atribulado ano, a parte que fez as coisas, sempre, ficarem melhores de alguma forma! Amo cada tripulante desta nave!
Sei que já falei muito da JMJ mas queria enfatizar mais uma vez que foi a parte mais marcante do ano! O mais aguardado, o mais sofrido e o melhor evento de toda a minha vida até agora! Como eu disse, amo ser parte da "juventude do Papa" e a JMJ foi, simplesmente, inesquecível. Obrigada por tudo, JMJ!!
Quanto aos amores, como sempre, decepcionantes. Eu espero demais que os caras me façam felizes, que me deem flores enquanto declamam poemas do Vinicíus de Moraes e que sejam tudo o que eu sonhei para mim.. mas aprendi que a vida não é assim não, que é quando tem que ser, quando for a hora certa. Aprendi, neste ano, em alguma das minhas aulas de literatura, que amor de verdade não é idealização, não é como no romantismo.. amor é um esforço de duas pessoas comprometidas em amarem o outro independente da situação. É complicado, mas existe em algum lugar. Espero achá-lo algum dia em algum lugar!
Falando em amores, não posso esquecer de mencionar que este ano foi o ano das paixões platônicas pelos meus professores. Talvez fosse apenas o medo da despedida, mas me apeguei muito à todos! Estarão sempre no meu coração! Há um que batizei-o como o melhor dentre os melhores, o meu sumo amor, a pessoa que deu razão à cada coisinha que há na vida. Que me desculpem os outros, sentirei muita saudade de todos, mas este é "o" cara, o meu cara, a pessoa que me apresentou à literatura e me fez amá-la, o cara que eu gostaria de levar comigo para a faculdade se eu pudesse!Vou morrer de saudade de ouvir o Marcinho declamar poemas, contar histórias, dar as broncas marcísticas e me fazer suspirar mais a cada aula. Obrigada por ser o meu cara em 2013, Márcio!

Em 2013 houve dias bons, dias ruins, dias que eu não me continha de felicidade e dias que eu tive vontade de jogar tudo para o ar. Houve provas difíceis, dias longos e vestibulares sofridos. Houve amor, amizade, briga, intriga, inimizade. Houve começo, houve fim. Houve saudade, muita saudade, reencontro, mais saudade e sobretudo muita espera. Espera de dias melhores. Espera de um novo encontro e de uma nova chance. Espera de ver as coisas finalmente se acertando. Espera pelo vestibular, pelo resultado, pela festinha no domingo, pela viagem.
O que é a vida senão um eterno começar e terminar? O que seria dos grandes momentos se não tivesse existido muita espera e empenho para fazer acontecer?
A vida é um ciclo em que as coisas inevitavelmente começam e terminam. Um novo ano é um novo ciclo, uma nova volta em torno do Sol! Certamente nenhum de nós seremos os mesmos pois muita coisa aconteceu neste ano! Buscaremos novas coisas, novos amores, novos sonhos para serem realizados. Tenho certeza que Deus me ajudará na minha nova busca e que ela virá na hora certa. Tenho certeza que as coisas se ajeitarão, não porque um novo ciclo começara, mas porque, quando der meia-noite, uma esperança nova renascerá no meu coração, uma chama capaz de me fazer correr atrás de cada objetivo. A chama se acenderá e devemos cultivá-la ao longo do ano, lembrar que temos que fazer tudo valer à pena e nunca desistir do que verdadeiramente queremos. O meu ano, mesmo com tantos problemas e dificuldades, valeu muito à pena! Aprendi demais e espero que o seu também tenha sido bom e te ensinado muitas coisas.
Espero que o ano novo traga muita esperança nova, que acenda novamente a chama no meu coração e que todos os 365 dias e 6 horas de 2014 nós todos possamos nos lembrar que temos o dever de fazer valer à pena e nunca desistir.
Espero que 2014 seja melhor ainda do que o ano que passou, que seja repleto de conquistas, realizações, amor, amizade e esperança.
Faça valer à pena. Não desista. Lute até o final.
Tenho certeza que vai ser incrível se você se dedicar a ser incrível!
Um beijo e um abraço bem apertado à todos! Feliz 2014!

sábado, 28 de dezembro de 2013

Diário de expedição: Jornada Mundial da Juventude - parte XI, final.

"Temos um encontro marcado, em 2016, em Cracóvia, na Polônia"

Mesmo quando o último grupo de estrangeiros foi embora na segunda feira de manhã e quando eu voltei para a minha rotina de aulas, estudos e vestibulares não parecia que tudo aquilo tinha acontecido na minha vida. Eu vivi uma Jornada Mundial da Juventude no meu país! Eu acolhi jovens peregrinos na minha casa. Eu vi o Papa de pertinho. Eu fiz parte do coro "esta é a juventude do Papa". Eu conheci os fundadores daquilo que é a razão da minha vida, o Caminho Neocatecumental. Eu levei a palavra na casa de uma família que não a conhecia. Eu dormi no chão de Copacabana, passei frio, fome, não tomei banho todos os dias.....Eu professei a minha fé, gritei ao mundo o que mais acredito na vida: Jesus Cristo. Não parecia que tinha acabado, tudo estava tão vivo ainda!
Enfrentamos muitas dificuldades durante a JMJ, algumas previstas e outras totalmente imprevisíveis. Dizem meus amigos mais velhos que peregrinação é sempre assim: sufoco do começo ao fim e primeiro você apanha muito e no final recebe a Redenção. Experimentei isto em Brasília e tornei a experimentar a sensação de se peregrina, só que agora de uma forma muito mais forte no Rio de Janeiro.
Deus me ensinou, à duras penas, a não reclamar, e pelo contrário agradecer, pela vida que tenho. Deus me ensinou a não reclamar da minha cama, do meu banheiro, da comida que tenho em casa, da minha cidade onde tudo é perto, por ter padres na minha paróquia que falam português e dos meus amigos. Peregrino que é peregrino come o que lhe oferecem, sem luxo, gostando ou não, pois é a única comida que você vai ter. Peregrino que é peregrino dorme onde e quando dá, com frio, calor, chuva, em lugar limpo ou sujo. Peregrino que é peregrino toma banho frio ou quente, extremamente rápido, quando dá ou quando tem água (na JMJ foram 2 em 6 dias hahahhaa). Peregrino que é peregrino anda feito louco, cantando, dançando, com dor, sem dor, machucado, querendo ou não é tudo à pé e a cada caminhada uma surpresa! Peregrino que é peregrino aprende a obedecer catequista. Peregrino que é peregrino tem que enfrentar horas na fila da comida, do banheiro, do ponto de ônibus e da entrada do evento. Peregrino que é peregrino escuta a catequese pela tradução do rádio. Peregrino que é peregrino sai conversando com qualquer pessoa que carregue uma bandeira do Brasil ou se arrisca no inglês, porque o importante é não ficar parado e ser simpático! Peregrino que peregrino não tem família, tem os irmãos de comunidade que são mais que amigos, são anjos que vão dividir a comida com você, que vão enfrentar os sufocos com você, que vão te dar forças quando você estiver cansado e querendo desistir, que vão tem emprestar o moletom quando você estiver com frio, que vão te abraçar quando você estiver com saudade de casa, que vão te emprestar o celular pra você usar e que vão te dar a mão pra andar junto no meio da multidão, porque não vão deixar que um só irmão se perca.
As amizades de peregrinações são especiais e diferentes de tudo justamente por isso, pelo espirito de união e de ajuda. É um sentimento forte em que a gente quer que cada irmão esteja bem, confortável e junto do grupo. Há pessoas que conhecemos em peregrinações que passamos meses e anos sem vê-los mas quando há um reencontro, é como se não tivesse tido distância e saudade. É como se tudo continuasse do mesmo ponto em que paramos. Nem preciso dizer que o assunto preferido é rir e comentar tudo, cada detalhezinho, do que aconteceu na peregrinação, em que vale a lei do "depois que passa a gente ri". É um tipo de amizade realmente muito diferente e muito única, adoro estar junto dos irmãos pois este espírito de ajuda e união sempre estão presentes! Obrigada por tudo o que você fizeram pois nesta JMJ, meus irmãos de fé, de perto ou de longe!
Há coisas e momentos na Jornada que são, definitivamente, inesquecíveis. Como não lembrar (e sentir o estomâgo revivrar) toda vez que vejo uma caixa de polenguinho? Como não sentir as pernas doerem só de lembrar dos 17 QUILÔMETROS de caminhada até a praia de Copacabana? Como não lembrar daquela noite, a noite das noites, em que dormi no chão frio do calçadão em condições beem piores que um mendigo? Como não lembrar daquele momento, único em toda a História, em que Sua Santidade, o papa Francisco, olhou para mim e me abençoou? Como não sentir o coração bater mais forte toda vez que lembro do momento em que O Kiko anunciou os brasileiros? Como não cantar "esta é a juventude do Papa!" toda vez que se referem à JMJ? Como não sentir o coração apertar de saudade ao lembrar de tudo isso?
Certas coisas ficam no coração da gente pra sempre. Certas coisas marcam tanto a vida da gente que é possível dividir a nossa vida em antes e depois dela. Certas coisas que vivemos foram tão boas, incríveis e inesquecíveis que tudo o que mais queremos na vida é a chance de podermos vivê-las de novo. A JMJ é uma destas coisas para mim. Tenho tantas lembras, guardo tantos momentos bons, tanta vontade de passar por cada perrengue outra vez que não penso em não ir à próxima Jornada Mundial da Juventude.
Estar em Cracóvia, Polônia, daqui a 3 anos é um projeto sério que não medirei esforços para realizá-lo. Não faço a menor ideia de como irei, de como arrumarei dinheiro suficiente para estar lá pois não trabalho, não sou de família rica e não vou ganhar na mega-sena. Acredito que uma coisa me levará à Polônia, somente uma: Deus. Foi Ele que cuidou de nós em todos os momentos da JMJ Rio 2013. Foi Ele que nos deu forças pra caminharmos os 17 quilômetros, foi Ele que nos ajudou a resistir ao frio intenso de Copacabana, foi Ele que providenciou água, comida e banheiro quando não aguentávamos mais, foi Ele que providenciou cada coisa de que precisávamos e que providenciou os sufocos da peregrinação, pois ele sabia o quanto eu precisava aprender com eles, e que fez tudo se tornar perfeito e inesquecível.
Foi por Deus que estivemos em um grande grupo na JMJ Rio 2013 e tenho certeza que Ele providenciará um jeito de nos levar à Cracóvia. Sei que em se tratando de Jornada Mundial da Juventude e peregrinações, o caminho não será nada fácil. Haverá dias em que eu terei vontade de desistir, em que eu acreditarei que não será possível chegar à outra JMJ. Mas tenho certeza que quando estes dias chegarem, as lembranças dos momentos que vivi na JMJ falarão mais alto, tenho certeza que em qualquer dificuldade que eu tiver ao longo destes 3 anos (que não serão poucas) me lembrarei que Deus estará comigo assim como esteve em toda a JMJ Rio 2013 e que ele providenciará que jorre água do deserto para matar a minha sede. Tenho certeza, absoluta, que ele me dará forças, que ele fará o impossível e de que tudo, no final dará certo. Tenho esta certeza porque vivi uma JMJ atribulada e nesta JMJ Deus revelou sua face misericordiosa à mim, me mostrou que está sempre do meu lado e me dará as coisas conforme a minha necessidade, nada mais, nada a menos.
O meu Deus é o Deus do impossível. É o Deus que fez 4 milhões de jovens suportarem o frio e gritarem, em uníssono, o quanto é bom ser parte desta juventude cristã, que está disposta a andar 17 quilômetros, a passar frio, fome e tantas outras coisas pela fé. Quero muito ter a sensação de alegria que tive nesta JMJ em Cracóvia. Quero muito poder ver o Papa e o Kiko outra vez. Quero cantar naquele túnel de acesso outra vez. Eu quero passar frio, fome, saudade, calor e seja lá mais o quê para ter essa sensação de alegria e para reafirmar a minha certeza de que Deus está comigo em todos os momentos da minha vida.
A JMJ Rio 2013 foi inesquecível e certamente está no coração de todos que, de alguma forma, fizeram parte dela. Sou parte da juventude do Papa, com muito orgulho.
Francisco, espero vê-lo em breve, com o mesmo sorriso fofo da JMJ Rio 2013.
Kiko,Carmen e Padre Mário, continuem sendo a me inspiração e fazendo bagunça nesta Igreja.
Rio, obrigada por todos os momentos, bons ou ruins, que me proporcionou. Continue lindo.
Ilha do Governador, obrigada por receber a nossa turma mesmo com toooooooda a burocracia.
Renata, obrigada por me acolher na sua casa e me mostrar - e me fazer acreditar - que ainda há pessoas com bom coração e disposição à fazer o bem.
Amigos rio-pardenses, obrigada por cuidarem de mim e serem os meus anjos.
Amigos peregrinos, em especial àquele que passaram por São José, foi um prazer conhecê-los, espero vê-los de novo um dia.
Juventude Cristã, somos loucos e somos muitos. Nunca deixemos morrer em nós a alegria de ser parte de uma Igreja jovem e feliz e que sobretudo mantenhamos viva a chama que a JMJ Rio 2013 acendeu em cada um de nós.

NOS VEMOS EM CRACÓVIA, NA POLÔNIA.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Diário de expedição: Jornada Mundial da Juventude - parte X

Estrangeiros em São José do Rio Pardo

Passei a semana da chegada da JMJ anestesiada; não conseguia absorver tudo o que estava acontecendo... era tanta coisa para contar, para ver, para matar a saudade! São José estava mais bonita e o meu coração sossegado. Eu sentia uma alegria dentro de mim que não conseguia explicar!
Mas a Jornada ainda não havia terminado para nós. No final de semana depois do Rio de Janeiro, recebemos mais dois grupos de estrangeiros italianos em nossa paróquia santuário São Roque! Antes de irmos ao Rio de Janeiro recebemos dois grupos de chilenos e espanhóis e um grupo de italianos. Como comecei meu "Diário JMJ" pela viagem, contarei, neste oportuno momento, as visitas de estrangeiros que recebemos antes e depois do Rio de Janeiro.
Domingo, 21/07/2013. Recebemos um grupo de 120 chilenos em nossa paróquia, que rezaram com os monges, tiveram almoço festivo e conheceram a cidade. Infelizmente esta foi a única visita que não pude acompanhar pois estava na Jornada Diocesana da Juventude, preparando corpo, mente e alma para a grande Jornada Mundial da Juventude.
, Quando evangelizavam, falavam com o coração, contavam a própria vida e se esforçavam para serem compreendidos, algo raro aqui, nesta cidade burguesa. Eu estava encantada!! O grande detalhe, que abrilhantou esta visita, foi conhecer o seminarista mais lindo e querido de toda a Espanha! Dani deixou saudades no coração das brasileiras, sem a menor dúvida! Nos despedimos no final do dia, com muito pesar. Os chilenos e espanhois deixaram saudade em São José!! Não posso me esquecer que o hino da JMJ 2013 foi "CHI CHI CHI, LE LE LE, VIVA CHILE"!! Por onde iam, aqui e no Rio de Janeiro, todos os chilenos cantava isso e nós fazíamos questão de engrossar o coro! Me arrepiou ouvir o hino na volta na vigília dentro do metrô do Rio de Janeiro! Viva Chile, viva Espanha!
Noite de segunda feira 22/07/2013: uma hora de depois de falarmos tchau aos chilenos e espanhóis, um grupo de 90 italianos chegou em São José! Este grupo foi recebido com uma eucaristia solene, cantada e rezada em italiano. Eram também muito animados, faziam festa com tudo! A eucaristia foi verdadeiramente estupenda! Todos os irmãos rio-pardenses reunidos para recebê-los, a casa estava cheia e linda! Nunca vou me esquecer do canto "Jesus percorria todas as cidades", meu canto preferido da JMJ, em italiano! Após a eucaristia, os italianos foram encaminhados às casas onde foram acolhidos. Aqui em casa recebemos duas moças muito lindas e educadas, a Iada e a Benedetta! Jantamos, conversamos em alguma língua que misturava inglês, português e italiano e foi extremamente divertido! Trocamos conhecimentos sobre as cidades das meninas - algum lugar em Florença (Firenzeeee!!) - e a nossa. Me lembro de ter amado a ponte de ouro na cidade da Iada! Amei ter recebido as meninas aqui em casa pois quando estive em Brasília fui muito bem recebida por uma família e queria retribuir a hospitalidade que recebi! Espero que as meninas tenham gostado da recepção pois fizemos o nosso melhor!! Espero um dia encontrá-las de novo! Pela manhã, tivemos um farto café da manhã como nunca havíamos tido aqui em casa! Rezamos laudes em italiano no mosteiro, levamos o grupo para conhecer o mosteiro, cantamos, nos divertimos muuuito, almoçamos e depois tivemos que dizer adeus! Foi muito bom recebê-los em São José e hospedá-los aqui em casa. Uma experiência de acolhida única, todos amamos!
Noite de sexta feira 02/08/2013: Jornada finda, recebemos mais dois grupos de italianos. Na noite de sexta, cerca de 50 italianos passaram por São José! Foram recebidos novamente com solene eucaristia, cantada e rezada em italiano! Fizemos um ágape (janta) festiva e o grupo foi dividido para as casas para passar a noite. Nesta vez não pudemos acolher ninguém em casa, todos queriam italianos em suas casas! O que mais me marcou nesta visita, com certeza, foram os olhos azuis cintilantes do Padre Sthéfano!Inesquecíveis! De manhã, o pessoal rezou laudes com os monges e logo depois foram embora. Rápida visita, porém muito importante à todos nós!
Tarde de domingo 04/08/2013: o último grupo de estrangeiros que recebemos em São José chegou durante à tarde em nossa Paróquia. Os italianos foram dirigidos às casas em que seriam acolhidos e à noite celebramos outra eucaristia festiva, rezada e cantada em italiano! Depois, jantar de gala. De manhã, laudes e a partida.
Na manhã de segunda feira, 05/08/2013, quando o último grupo de estrangeiros que recebemos antes e depois da JMJ foi embora, foi quando eu me dei conta de eu tinha, enfim, vivido uma Jornada Mundial da Juventude no meu país, pude acolher cerca de 400 jovens catecúmenos na minha paróquia, que pude participar de 4 das 5 acolhidas, que fiz o melhor para que estes jovens se sentissem em casa e que mostrei um Brasil lindo, porém não sem problemas, aos meus irmãos de fé do mundo todo.
Foi uma experiência realmente única viver a JMJ no meu país. Eu fui parte da galera que fez a jornada acontecer e que foi responsável por ter feito 4 milhões de jovens amarem o Brasil! Nunca vou me esquecer desta oportunidade que tiver e espero que um dia o Brasil receba novamente este maravilhoso evento e, se isto acontecer, eu, com toda certeza, farei questão de fazer parte novamente.
Dos amigos estrangeiros que fiz nesta JMJ certamente nunca me esquecerei, seja os chilenos, espanhóis e italianos que pude acolher em São José ou os que conheci no Rio de Janeiro: os paraguaios loucos, os eslováquios lindos, o canadense convencido, os indianos dançarinos e os skatistas do Rio! Cada pessoa, de outro país ou não, que conheci por intermédio da JMJ foi parte de um dos maiores acontecimentos da minha vida e sou eternamente grata por ter conhecido vocês! Espero vê-los um dia, de preferência, em Cracóvia, na Polônia.

domingo, 22 de dezembro de 2013

O pacto implícito, rompido.

Enfim férias depois de um ano massacrante de estudos. Tenho aproveitado meu raro tempo livre para por ordem na casa, literalmente, e recuperar o tempo perdido. Não conheço as músicas novas, não sei quais são as tendências de moda, não lembro mais como é andar livremente pela minha cidade... Estou tão impregnada pelo meu passado, pelos meus estudos quanto um quarto de sótão que há anos não vê luz e faxina. Minha vida é um emaranhado de teias de aranhas, cheia de livros com páginas amarelas e de caixas velhas que eu não consigo me desfazer. Não jogo fora, não arrumo e não acendo a luz do quarto. Deixo tudo como está, juntando cada vez mais poeira. Há em cada um de nós um sótão que esconde nossas memórias, nosso passado, coisas que precisamos mas não queremos nos desfazer. Há quem prefira deixar lá, como eu, para a hora que a saudade apertar. Há quem simplesmente finge que não tem e que se libertou; grande mentira, há sempre uma caixinha escondida atrás do armário ou debaixo do tapete. Tem dias, horas e momentos na vida em que é inevitável entrar no sótão, abrir a caixinha das lembranças e ficar a contemplar. Poesias e músicas são feitas neste momento. Tudo volta com força total. Mil pensamentos enchem a nossa cabeça, preenchem o coração.. Hoje é o dia de abrir a caixinha, de voltar ao sótão, de andar em meio às teias de aranhas de volta ao passado. Encontrei este poema no meio de minhas lembranças, adoro-o, define bem o que sinto hoje. A UM AUSENTE Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto. Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade sem prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair. Antecipaste a hora. Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas. Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato que não ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não há nada? Tenho razão para sentir saudade de ti, de nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança. Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Prosa.

Final de ano chegou, mais trezentos e tantos dias se passaram. E aí, o que você fez? Não é hora de retrospectivas ainda - sim, sou sistemática - mas o filme já têm passado na minha cabeça desde já. Estou mais velha, maior de idade e amadureci consideravelmente neste ano que passou, à duras penas, diga-se de passagem.
2013 foi o meu ano do "querer é fazer", de correr atrás da luz que estava no final do túnel, de perseguir cada pista, cada dica e cada conselho de que eu chegaria viva ao final da maratona. Pois bem, a grande maratona que eu enfrentei neste ano tem data marcada para acabar: segunda é último vestibular em 2013. O último, depois de um ano que só quem verdadeiramente é vestibulando - de corpo, mente e alma - sabe como é.
O vestibular não é só mais uma prova não; é o que resume pelo menos os três últimos anos da sua vida. Três anos não fazendo nada além de estudar - por sorte, no meu caso, tive a Igreja para dar uma 'amenizada' - é muita coisa. Muita gente viveu enquanto eu estava aqui estudando. Muita coisa aconteceu e mudou no mundo enquanto eu estudava.
Mas é, cada um escolhe o caminho que vai seguir na vida. Eu escolhi um difícil e cheio de pedrinhas; não me arrependo. Um dias os frutos ficarão maduros. Um dia esta estrada desembocará em outra não menos pesarosa, apenas outra.
Mas esta estrada de vestibular, de intrigas de ensino médio, de decepções amorosas e recheada de fórmulas estranhas pode estar chegando ao fim, finalmente. O que sinto é o mesmo ofegar de um atleta que acabou de completar a São Silvestre: coração acelerado, ansioso para saber se venceu e corpo e mente cansados. Mas também, com a mesma sensação de dever cumprido, de saber que fiz tudo que estava ao meu alcance, atingi o meu limite.
Deveres feitos, agora é só esperar a hora certa chegar. Isto foi apenas e exatamente o que fiz o ano todo: estudei, rezei e esperei muito pela minha faculdade. Lutarei para conquistá-la até quando for preciso.
E você, o que fez este ano? Fez valer à pena?
Se não, corre que ainda dá tempo.

Uma pequena nota por Marô Dornellas:
Direi em outra ocasião, mas se não fosse a intervenção de Deus na minha vida, nada disso seria suportável e nem metade disso teria acontecido.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sobre excessos (d)e saudades.

Quando você para tudo o que você está fazendo, quando você se desliga de tudo, quando você deita na cama para dormir, qual é o seu primeiro pensamento? Bom, eu penso nas minhas provas, nos meus vestibulares, nas matérias que eu terei que estudar no dia seguinte, me preocupo com "o que eu vou fazer se nada der certo", excepcionalmente faço planos para o futuro e pelo menos uma vez por semana me vêm à mente a saudade que sinto.
Saudade é um negócio extremamente complicado. Saudade é excesso e nenhum excesso é bom. Excesso de presença quando não está mais perto, de amor, de apego, de vontade de viver tudo outra vez, de lembranças e principalmente passado. Todo excesso rompe com os limites pré-estabelecidos fazendo com que o corpo transborde. Saudade, como excesso, complica quando sai de nós e extravasa porque quando transborda, descontrola: vira choro, sorriso bobo, texto, angústia, ciúme, gritos e monólogos.
Sai para fora, justamente, para tentar, com o transbordamento, encontrar o ente saudoso em qualquer lugar. Espera encontrar outra saudade para, quem sabe, juntá-la em uma só. Esse "sentimento" não mede barreiras, distâncias ou qualquer tipo de limite físico, moral ou psicológico. É coisa de louco mesmo!
Mas, se até os loucos têm remédio, estamos nós, saudosistas fanáticos, à espera de uma cura, de um remédio? Depois do emplasto de Brás Cubas (mal sucedido, por sinal) desconheço qualquer avanço na medicina à respeito de remédios que curem os males de espírito, como a saudade. Remédio para a saudade é encontrar outra saudade, tão doente quanto a sua e eternizar o momento do encontro em um abraço infinito, daqueles em que pode o mundo acabar e você não vai se importar, pois o momento do encontro faz a gente pensar que é infinito, que o um segundo de abraço corresponde ao fim de toda e qualquer saudade existente.
No meu caso, já terminal, minha saudade transborda em textos, tenta procurar seu par, mas perdeu-se por orgulho na procura - ou em algum livro do ensino médio. Meu médico não deu nenhuma esperança, disse que só por um milagre teria cura.
Acredito em milagres.
Acredito na minha saudade um dia encontrando a sua.
Acredito que um dia deixaremos o orgulho de lado.

Uma pequena nota por Marô Dornellas:
Só deixarei de acreditar em alguma coisa, seja ela qual for, quando eu enlouquecer e, mesmo se isso acontecer, é capaz de eu ainda acreditar e professar teses tão loucas quanto às do Quincas Borba. Não duvido.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Maior(idade)

Preguiça e covardia são as causas que explicam por que uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito após a natureza tê-los declarado livres da orientação alheia, ainda permanecem, com gosto, e por toda a vida, na condição de menoridade. É tão confortável ser menor! Tenho à disposição um livro que entende por mim, um pastor que tem consciência por mim,um médico que prescreve uma dieta etc.: então não preciso me esforçar. A maioria da humanidade vê como muito perigoso, além de bastante difícil, o passo a ser dado rumo à maioridade, uma vez que tutores já tomaram para si de bom grado a sua supervisão. Após terem previamente embrutecido e cuidadosamente protegido seu gado, para que estas pacatas criaturas não ousem dar qualquer passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os tutores lhes mostram o perigo que as ameaça caso queiram andar por conta própria. Tal perigo, porém, não é assim tão grande, pois, após algumas quedas, aprenderiam finalmente a andar; basta, entretanto, o perigo de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las por completo para que não façam novas tentativas.
Immanuel Kant

Kant, como é difícil crescer! O passo a ser dado rumo a maioridade é muito mais complexo do que atingir tal idade, os 18, é preciso uma consciência moral, um "estado de espírito" que não é tão simples de ser alcançado! É livrar-se da ideia de ter tudo pronto à mão e correr atrás dos próprios aprendizados, das próprias descobertas. É escolher os próprios caminhos e seguir adiante como ou sem medo!
E se não der certo a gente começa de novo e tenta outra vez!
Espero que os meus 18 anos sejam repletos de (boas)escolhas, (muitas) aprovações nos vestibulares, de uma fase nova (faculdade!!) e principalmente cheio de ânimo, força, fé e coragem para nunca desistir dos meus sonhos e de ir sempre à luta!! Espero que Deus me ajude a nunca desistir de nada e que essa idade seja melhor do que as outras que já foram!

Minha música dos 18 anos, Amor pra recomeçar, Frejat:

Eu te desejo não parar tão cedo pois toda idade tem prazer e medo
E com os que erram feio e bastante que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste que seja por um dia e não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar, pra recomeçar..
Eu te desejo muitos amigos mas que em um você possa confiar
E que tenha até Inimigos pra você não deixar de duvidar
Eu desejo que você ganhe dinheiro pois é preciso viver também e que você diga a ele pelo menos uma vez quem é mesmo o dono de quem
Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar, pra recomeçar...

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sístole/Diástole

Contrai, relaxa, contrai relaxa..
É um movimento contínuo e infinito. Sangue rico em oxigênio de um lado, sangue rico em gás carbônico do outro. Percorre túbulos, atravessa musculatura, troca substâncias e continua. Vai ao grande músculo central, entra sem esperança, segue o fluxo e é impulsionado para fora. Alguma hora volta e faz tudo outra vez.
Se o caminho é sempre o mesmo, porquê percorrê-lo? Porque precisa passar pelo coração e ganhar força nova, precisa voltar ao corpo e deixar novos nutrientes, retirar resíduos e manter vivo. Se o coração parar é rezar para sobreviver pois voltar a funcionar corretamente é realmente milagre ou jogo de sorte.
Por isso é que insistem os médico para você não sobrecarregar seu coração, para deixá-lo sempre livre de gorduras que tornam o fluxo de sangue e o movimento de contrair e relaxar mais pesados. Se a passagem de sangue estiver dificultada, todo o sistema está em perigo.
O sangue tem papel fundamental: leva tudo a todo lugar. Espalha íos, água, glicose, aminoácidos, proteínas  e coragem. Mistura tudo e leva da cabeça aos pés. Forma a maior confusão aqui dentro: partículas se chocam e confundem suas funções. Está tudo trocado por excesso de soluto - ou, de repente, há falta deles. Aprendi bem nas minhas aulas, em química e na vida, que excessos fazem perturbar o equilíbrio, assim, o coração não trabalha bem e o fluxo de sangue é comprometido; aqui é que a catástrofe acontece.
Meu coração é uma mistura disso tudo, que espalha sentimentos tão antagônicos por todos os lados. Chega a ser difícil entender como tudo realmente funciona aqui dentro, há tantos detalhes a serem considerados! Quero meu equilíbrio de volta. Quero que ele pulse novamente em batimentos rítmicos, não por que alguém ditou seus movimentos, mas porque o equilíbrio voltou a ser perfeito.
Hoje, meu coração trabalha com dificuldade e cheio de saudade. Enche e esvazia. Recebe e joga sangue fora. Vai para um lado e para o outro. Movimentos retóricos, sem novidade, sem sangue novo, sem trabalhar direito. Falha e depois volta a funcionar. Leva tudo embora para depois trazer outra vez.
E eu fico aqui, contando meus batimentos e rezando para o coração não parar de vez.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Diário de expedição: Jornada Mundial da Juventude - parte IX

O encontro com Kiko Argüello - parte 2

Em seguida, veio a parte principal do encontro: a catequese. Kiko havia nos preparado palavras belíssimas, extremamente sinceras, que nos cobravam a nossa atuação enquanto jovens no mundo. Kiko nos dizia verdades, algumas sinceras até demais, porém necessárias. Nos falou o tempo todo sobre a importância do amor, de amar o próximo como a nós mesmos, e também falou muito sobre o amor de Deus por cada um de nós, e este é o maior amor que podemos ter. Porém, a palavra que mais mexeu comigo foi a do "agradeça a Deus todos os dias por estar dentro da Igreja, este é o seu maior presente". E realmente é o maior presente que posso ter.. quem eu seria se eu não estivesse dentro da Igreja? Essa é uma pergunta que eu realmente tenho medo de encontrar resposta.Lindas palavras, muito bem preparadas, ditas energicamente. Kiko mostrou-me pessoalmente o quanto é sábio!
Seguida a catequese, foi a hora do chamado vocacional dos homens - uma das mais arrepiantes. Kiko falou da vida consagrada ao Senhor, sobre estar inteiramente disponível para levar a palavra do Senhor aos lugares mais longínquos, especialmente à Ásia. Em seguida, pediu que todos nos calássemos durante um minuto e rezássemos, em silêncio, "Senhor, envie operários para a messe" (que é um pedaço de um dos meus cantos preferidos *-*). Decorrido esse minuto, solenemente Kiko pediu que aqueles homens que se sentissem chamados a dedicar a sua vida ao Senhor, que se colocassem de pé e fossem até o palco. O momento em que o pessoal levanta é um dos mais fortes nos encontros do Caminho; o local ficou em um silêncio profundo e jovens levantavam por todos os lados - inclusive um dos meus amigos rio-pardenses - e iam correndo ao palco, como se corressem realmente ao encontro do Cristo. Era um a bela cena. Levantaram-se 3000 (TRÊS MIL) jovens homens para servir a Deus. E digo mais, Deus escolheu bem seus novos evangelizadores!!
Na sequência, foi a vez do discurso de Carmen Hernandez às mulheres. Carmem sentia mais que Kiko o peso da idade: caminhava com dificuldade e não se prolongou em sua fala. Simples, determinada, vai direto ao ponto, sem os rodeios do Kiko. Carmen se dirigia às mulheres e as enaltecia (essa parte é típica, catequistas se alfinetam o tempo todo por causa desse assunto!). Carmen pediu que nós, mulheres, não tenhamos medo de sermos mulheres,de sermos fortes e que nos preparemos apenas para um amado: Jesus Cristo.
Em seguida, Kiko explicou o canto que cantaríamos quando as mulheres se levantassem. Nunca gostei desse canto até o momento em que passei a entendê-lo: "e o rei se encantara com tua beleza, ele é o teu senhor, entrega-te a ele e faz temível a sua direita". Realmente o canto começou a fazer sentido para mim: o amado mais formoso é Jesus Cristo, ao qual sempre devemos estar preparados. Decorrido outro minuto de oração no mais profundo silêncio, 2000 (DUAS MIL) mulheres se levantaram para servir ao amado em regime de clausura. Admiro-as pela coragem pois a dedicação é de corpo e alma.
Da JMJ RIO 2013 partiram 5000 novos evangelizadores catecúmenos, que deram o seu primeiro "sim" à sua vocação. Espero que Deus ajude a todos e que a nova evangelização seja realmente estendida ao mundo todo, a fim de que tantos outros irmãos conheçam a maravilha do amor de Deus.Nunca desistam das suas vocações! Acho realmente muito bonito que se dispõe a abrir mão de uma carreira profissional ou de uma vida amorosa para seguir este chamado de Deus.
Decorrido os chamados vocacionais, Kiko anuncia que a hora da despedida estava próxima. A minha ficha ainda não havia caído que passamos o dia todo ali e que agora escurecia e aproximava-se a hora de voltar para casa. Não gosto de finais e não sei lidar com despedidas; queria que aqueles momentos durassem para sempre, queria estar na presença daquele homem sábio todo final de semana, ouví-lo cantar em seu sotaque único, queria os irmãos todos juntos, agitando bandeiras e buscando a alegria em meio às dificuldades! Mas também era preciso voltar e evangelizar por aqui; entendi nesse momento a importância do voltar: era preciso levar o resultado da colheita e espalhar o ânimo, a coragem e as palavras de amor. Dom Orani abençoou-nos e Kiko cantou para encerrar. Cantamos e dançamos nos moldes catecúmenos o 'Ressuscitou' (o velho) em vários idiomas. Cristo havia ressuscitada em nossas vidas naqueles dias de JMJ e saíamos dali com ânimo novo, com a esperança de uma vida nova e decididos a sermos pessoas melhores!
Dançamos no Riocentro até o último segundo, até que o último violão ainda ressoasse as notas do 'Ressuscitou'. Não posso me esquecer que antes de irmos embora teve o momento clássico do "cambiare" que eu pude finalmente conhecer. Catecúmenos de todos os lugares trocavam bandeiras e símbolos de seus países, era realmente engraçado assistir àquilo! O encontro terminou em festa! Uma festa que não precisou de drogas, bebidas, sexos ou rock'n'roll. Estávamos felizes de estarmos ali vivendo tudo aquilo, felizes de Deus ter nos dado um dia lindo ao lado dos irmãos do mundo todo! Eu trouxe minha bandeira do Brasil para casa pois ela foi o símbolo da resistência contra o frio e da união que tivemos na noite da vigília; guardo-a com imenso carinho e saudade e levarei-a comigo à Polônia.
Contudo, a hora de ir embora, apesar do alívio de finalmente voltar para casa, é a mais triste. Triste porque temos que nos despedir da realidade que encontramos ali: de comer polenguinho em todas as refeições, de estar junto o tempo todo, de rezar todos dias o dia inteiro,de passar por momentos inóspitos e sobreviver às dificuldades com a certeza que Deus estava guardando tudo para o final.  Como aconteceu em Brasília, exatamente há um ano atrás, este foi o momento de a ficha cair: a hora em que caminhávamos de volta ao nosso ônibus para ir embora. O filme da Jornada, lindo e tumultuado, passava detalhadamente na minha cabeça. Quantas maravilhas e milagres Deus fez em mim nestes dias! Quantas coisas aconteceram! Como foi bom ter estado lá, como foi bom ter visto e vivido tudo aquilo! Dava vontade de chorar, mas novamente na saída nós cantávamos. Deus providenciou-nos um encontro e uma Jornada estupendos! Não nos falou nada e todas as dificuldades serviram de aprendizado. Deus me mostrou seu imenso amor, sua misericórdia e que se eu confiar em Sua palavra, confiar na promessa que Ele fez a mim, se eu nunca desistir e pedir com fé, Ele virá em meu socorro como veio em todos os dias de JMJ.
Jamais me esquecerei do momento em que vi Kiko Agüello pela primeira vez, a 5 metros de mim, acenado a todos os cantos do Riocentro, tão louco e tão feliz por estar ali quanto eu. Jamais me esquecer do "Eu venho reunir" em espanhol - só Deus sabe o quanto eu esperei por isto!!! Jamais me esquecerei do momento em que ele anunciou os brasileiros e que nós gritamos: "eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!". Jamais me esquecerei do momento da entrada da Virgem e da minha promessa. Jamais me esquecerei no arrepio que percorre a espinha quanto pedem um minuto de silêncio antes do chamado. Jamais me esquecerei deste dia!! Espero que Deus me conceda a graça de vê-lo novamente pois se depender de mim, enquanto este homem viver eu escutarei sua voz. Kiko, obrigada pela bagunça boa que você fez em mim, por ter me mostrado o quanto eu sou amada por Deus e por este encontro maravilhoso! Nós vemos em Cracóvia, na Polônia!!
Na volta, encontramos os chilenos e espanhóis que vieram para São José e novamente Tambaú. Fiquei realmente feliz de tê-los encontrado em meio a 100 mil pessoas e triste por não ter conseguido rever alguns amigos brasileiros de longe! Aos amigos-irmãos, saudosos, continuo cheia de saudade de vocês! Gostaria de abraçar cada um e rir de tudo que aconteceu conosco na JMJ (historias polêmicas e engraçadas acontecem por todo lado mesmo!) Mas agradeço a Deus por ter criado a internet e diminuído um pouquinho a saudade e a distância!! Amo vocês e vejo-os antes da Polônia, se Deus quiser!!!
Era hora de dizer adeus ao Rio de Janeiro, entrar no ônibus, subir a serra e voltar para o meu interior - que por sinal também recebeu de braços abertos. Complicações da viagem à parte, chegamos bem, cheios de memórias na bagagem.
Porém, quando chegamos, a Jornada ainda não havia terminado. Mais um final de semana abençoado estava por vir.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sirene de ambulância.

Há uma coisa que me faz tremer na base: barulho de ambulância. Tal sonido desperta em mim um misto de medo e irritabilidade extremamente singular. Odeio-o.
Por azar, moro no começo de uma rodovia de acesso às rodovias grandes, ou seja, palco de acidentes seguidos de ambulâncias em série. Não há sequer uma semana no mês que passamos sem acidentes e barulhos estridentes. E mais, em qualquer lugar da casa o barulho é notável e mesmo a alguns quilômetros de distância ainda é possível ouvi-lo.
Ouço-o e desconcentro-me instantaneamente de tudo que estava fazendo. Me sistema de fuga-luta me avisa na hora que é para correr que alguma catástrofe aconteceu. Quero notícias rápidas. O que aconteceu? Houve mortes? Quem estava lá?
Me agustia não saber em primeira mão do acontecido e se há amigos feridos. Sinto necessidade de ir lá e ajudar a resgatar. Mas não posso, tenho medo de sangue, desmaiaria se visse alguém sangrando. Tenho que sentar e esperar. Fico olhando da janela da sala pra ver se a ambulância volta e tentar ver pela janelinha o que se passa lá dentro.
Tenho aflição de quando ela volta com a sirene desligada. Se isso acontecer, está tudo consumado. Não há esperança ou massagem cardíaca que traga de volta à vida o ferido. E não há nada que possamos fazer.
O meu medo e irritação por sirenes de ambulâncias é justamente esse: não poder fazer nada. Não estava no acidente, não vi o ferido, não liguei para a emergência e não vou poder ajudar a resgatar. Tenho apenas que ficar em casa esperando por notícias, rezando para que não tenha feridos ou que a catastrófe não tenha sido grande demais.
Mas não me contento em olhar e esperar, tenho síndrome de "Maria Capitolina". Quero sempre fazer algo, me mexer e tentar ajudar. Porém, às vezes eu quero ajudar mais aos outros do que a mim mesma, o que acaba sempre em problemas tão graves quanto o acidente em si.
Não há como escaparmos de catástrofes e não há como prevê-las (pelo menos, em sua maioria). Tudo que podemos realmente fazer é rezar para que Deus tenha piedade de nós e que nos deixe viver um pouco mair.  Há acidentes todos os dias, a diferença é que nem sempre há barulhos estridentes para nos avisar que algo aconteceu. Só espero que a próxima ferida não seja eu e caso for, que o resgate venha rápido.